Saudações leitores e torcedores de sangue laranja. Enquanto estamos na espera pelo Super Bowl 51 (Go Falcons!) e pela offseason que promete ser agitada, criamos uma nova coluna no nosso querido MHBr, The Time Line, onde vamos falar sobre os principais personagens e acontecimentos da nossa história. No primeiro post, conhecemos um pouco mais sobre a lenda do Colorado, Robert Howsam. Essa semana, vamos seguir a linha do tempo e ir até 1977 para conhecer a lendária e temida Orange Crush.

Head Coach Red Miller.

Em 1977, nossa franquia completava 18 anos de existência, mas ainda não tínhamos alcançado grandes conquistas, nem mesmo uma aparição nos playoffs. Vivíamos na sombra de Raiders e Steelers, que eram os melhores times da AFC e tinham disputado as últimas três finais da conferência. Mas, isso começou a mudar quando Red Miller chegou ao Colorado para ser o novo Head Coach do Denver Broncos.

Nossos jogadores tinham personalidade forte, tão forte que tornaram públicos os problemas com o ex-Head Coach, John Ralston. Ralston ficou três anos no comando, levou a equipe a nove vitórias em 1976, e a defesa foi a sexta melhor em jardas naquele ano. Mesmo fazendo um trabalho decente, Ralston achou melhor pedir demissão devido a insatisfação dos jogadores. Isso colocou ainda mais pressão em Miller, mas podemos dizer que o nativo de Illinois lidou muito bem com a situação.

O primeiro jogo da temporada regular foi em Mile High, contra o St. Louis Cardinals. Naquela tarde, 75.000 pessoas foram até o estádio presenciar a vitória por 7-0 na estréia do novo técnico, mas o que roubou a cena foi a lendária defesa que acabara de ser batizada pelo colunista do Denver Post, Woody Paige, como Orange Crush, devido a cor do uniforme e a violência com que jogavam.

Red Miller fez um ótimo trabalho ao lado de Joe Collier (coordenador defensivo) e Stan Jones (técnico de linha defensiva), eles comandaram a equipe a seis vitórias nos seis primeiros jogos, incluindo uma contra os Raiders, atuais campeões do Super Bowl, por 30-7. Na semana 8, vencemos o Pittsburgh Steelers e sua Steel Courtain, por 21-7. A esse ponto, nossos jogos dentro de casa registravam mais de 74.000 pagantes e todos respeitavam nossa força, afinal, vencer os dois melhores times da conferência não era pra qualquer um.

Randy Gradishar (53), Tom Jackson (57) e outros membros da Orange Crush original.

Fechamos a temporada com o primeiro título da AFC West de nossa história, foram 12 vitórias e 2 derrotas (o formato com 16 jogos começou em 1978). Os Linebackers Randy Gradishar e Tom Jackson, o Defensive lineman Lyle Alzado e o Safety Bill Thompson receberam as honras do First Team All Pro. A Orange Crush foi a terceira em pontos permitidos, média de 10.6 por jogo, foi a melhor em jardas terrestres, apenas 1.531, forçou 39 turnovers e permitiu míseros 16 touchdowns na temporada. Red Miller recebeu o prêmio de Head Coach do Ano e nosso Quarterback, Craig Morton, foi o Comeback Player Of The Year. Nada mau para uma franquia que nunca tinha alcançado os playoffs, não é?

Como a NFL tem um jeito de tornar tudo mais emocionante, nossos confrontos nos playoffs foram contra os maiores rivais. Provamos o gosto de uma vitória nos playoffs pela primeira vez no dia 24 de dezembro de 1977, quando vencemos os Steelers por 34-21 em um jogo que foi empatado para o intervalo, mas nosso Linebacker Tom Jackson fez questão de levar a bola do jogo para casa, forçando 3 turnovers que resultaram em 17 pontos no segundo tempo. Na final de conferência, recebemos os Raiders e passamos por alguns maus momentos, nosso Kicker errou três field goals e teve um extra point bloqueado, mas conseguimos converter dois turnovers em touchdowns e vencemos por 20-17. Os Broncos estavam a caminho de seu primeiro Super Bowl.

Butch Johnson fazendo a jogada mais importante da partida, um touchdown de 45 jardas no terceiro quarto que aumentou a vantagem de Dallas para 20-3.

No dia 15 de janeiro de 1978, o Louisiana Superdome recebia seu primeiro Super Bowl. Broncos vs Cowboys, Orange Crush vs Doomsday Defense. Os Cowboys também avançaram para o Super Bowl com um retrospecto de 12 vitórias e 2 derrotas na temporada regular, venceram os Bears e os Vikings nos playoffs e tinham o melhor ataque da NFC com Roger Staubach, Drew Pearson, Tony Dorsett e companhia. Red Miller era um Head Coach primeiranista em Denver, teve uma temporada incrível, gerenciou seus jogadores de uma forma impecável, mas Tom Landry e os Cowboys eram favoritos por 6 pontos. O jogo não foi bonito para nenhum dos times, foram inúmeros turnovers e lesões, principalmente do nosso Quarterback Craig Morton que saiu do jogo lesionado após completar 4 passes de 15 tentados para um total de 39 jardas e 4 intercepetações, fechando o jogo com exatos 0.0 de rating. Como esperado nas casas de aposta, Tom Landry adicionou mais uma conquista a seu currículo após uma vitória por 27-10, foi o segundo título de Super Bowl do Dallas Cowboys, que viria a ganhar outros três na década de 90. O prêmio de MVP foi dividido entre o Hall of Famer Randy White e seu companheiro de equipe Harvey Martin, ambos pass rushers.

A Orange Crush continuou junta até 1980, mas não conseguiu alcançar o Super Bowl pela segunda vez. Em 2015, os torcedores mais velhos tiveram um Déjà vu com a defesa liderada por Von Miller, mas dessa vez o desfecho foi diferente, a Orange Crush 2.0 nos levou ao título do Super Bowl contra o Carolina Panthers e honrou o nome usado por aquele grande time de 1977. O Head Coach Red Miller conquistou mais um título da AFC West em 1978, mas após uma temporada de apenas 8 vitórias em 1980 ele foi mandado embora pelo financiador canadense Edgar Kaiser, que acabara de comprar a franquia. Coach Miller deixou a Mile High City com um retrospecto de 42 vitórias e 25 derrotas, sendo 2 vitórias e 3 derrotas nos playoffs.

Nossos grandes momentos vieram em 1997, 1998 e 2015, mas nunca podemos esquecer das pessoas que vieram antes disso e lutaram bravamente para honrar nosso helmet e nossa franquia. Red Miller foi um grande Bronco e sua defesa sempre será lembrada como uma das maiores da história.