Saudações torcedores e torcedoras do laranja e azul de Denver! TEMOS UM QUARTERBACK! O Denver Broncos acertou uma troca com o Seattle Seahawks que levará Russell Wilson para Mile High. Vamos entender a troca e saber mais sobre o nosso novo QB.
Relevante. Essa talvez seja a palavra dos últimos dias na mídia local de Denver nos últimos dias. O Denver Broncos voltou a ser relevante nacionalmente após fechar uma troca com o Seattle Seahawks pelo quarterback Russell Wilson.
O acordo não pode ser oficializado até a próxima semana, mas Wilson já visitou as instalações do time, conheceu os técnicos e staff, fez contato com os novos colegas de time e já iniciou as despedidas em Seattle.
Os Broncos resolveram o maior buraco que vinha causando um carrossel de QBs titulares nos últimos seis anos desde que Peyton Manning pendurou as chuteiras com o Lombardi nas mãos e seu segundo anel no dedo.
Vamos entender o que sabemos da troca: como aconteceu, o valor pago e o sentido da troca.
A troca
De acordo com Ian Rapoport, da NFL Network, George Paton e John Schneider (GM dos Seahawks) iniciaram conversas sobre uma potencial troca por Russell Wilson na primeira semana de fevereiro, durante o Senior Bowl.
As partes seguiram conversando por semanas e uma coisa foi determinante para que a troca acontecesse: Russell Wilson tinha uma cláusula de não-troca. Isso significa, basicamente, que Wilson poderia negar qualquer troca envolvendo ele caso não quisesse ir para o time que acertasse termos com Seattle.
Sabe-se que Wilson teria recusado trocas para o Washington Commanders e o Philadelphia Eagles e que o Denver Broncos seria a única opção de Wilson.
Com isso, Denver conseguiu negociar uma troca que, apesar de não ter sido barata, permitiu que o time não abrisse mão de jogadores chave no elenco, como Patrick Surtain, Courtland Sutton ou Jerry Jeudy.
O acordo foi divulgado no dia 8 de março, poucas horas depois de sair a notícia de que Aaron Rodgers iria retornar para o Green Bay Packers.
A primeira notícia foi de que Russell Wilson estava sendo trocado para o Denver Broncos, fornecida por Adam Schefter, insider da ESPN. Outras confirmações se seguiram, com o analista dizendo que se tratava de uma das maiores trocas da história da NFL.
Por um lado, isso é verdade: franquise quarterbacks aos 33 anos de idade não costumam ser trocados na NFL, o que, por si só, torna a troca gigante na história da liga. Mas a compensação, apesar de ter um valor alto, acabou não sendo tão grande quanto muitos torcedores dos Broncos temiam/pensavam.
Ao todo, os Broncos enviaram para Seattle:
- Escolha de 1ª rodada de 2022 (pick 9)
- Escolha de 2ª rodada de 2022 (pick 40)
- Escolha de 5ª rodada de 2022 (pick 151)
- Escolha de 1ª rodada de 2023
- Escolha de 2ª rodada de 2023
- Noah Fant
- Shelby Harris
- Drew Lock
E em retorno, os Seahawks enviaram para os Broncos:
- QB Russell Wilson
- Escolha de 4ª rodada de 2022 (pick 114)
As escolhas de Draft provavelmente pesarão mais no próximo ano do que em 2022, visto que os Broncos ainda possuem uma escolha de 2ª rodada esse ano (pick 64) adquirida na troca de Von Miller e escolhas extra de 3ª (também da troca de Von) e 4ª rodada (recebida de volta na troca por Wilson).
Um adendo é que é totalmente hilário que George Paton tenha conseguido uma pick de 4ª rodada de volta no acordo.
Quanto aos jogadores, nunca é legal ver aqueles por quem você aprendeu a torcer irem embora. Mas também não dá para dizer que não vale. Shelby Harris é um bom líder e foi um achado no miolo da linha defensiva, mas terá 31 anos no começo da temporada 2022 e não é um grande pass rusher.
A saída de Drew Lock, além de alegrar boa parte da torcida, fornece ao jogador um novo começo em outra franquia. Se ele será o titular por lá ou não, isso deixou de ser problema nosso.
Por fim, Noah Fant é a peça que mais pesa, e que provavelmente mais ajudou a subir o valor da troca e a convencer os Seahawks. Ele ainda não mostrou o potencial que tem em campo, mas nunca teve um QB competente ou consistência num esquema ofensivo.
E, se um Russell Wilson era o que precisava para desbloquear o potencial de Noah Fant, Noah Fant foi necessário para trazer Russell Wilson.
Além disso, Albert Okwuegbunam, apesar de precisar melhorar bastante como bloqueador e reduzir a quantidade de drops, é um TE interessante para substituir Fant já no elenco.
Quanto ao sentido da troca, para o Denver Broncos as coisas são bem claras: o time precisava finalmente fechar o buraco gigante na posição deixado por Peyton Manning lá em 2016, que muitos tentaram ocupar mas não chegaram nem perto disso. Não existe um mundo em que adquirir um quarterback do calibre de Russell Wilson não seja uma prioridade e George Paton foi lá e fez.
Do lado de Seattle, é um pouco mais complicado de entender. O time precisava de uma reconstrução com um elenco nem perto de pronto para competir, e não tinha o capital necessário para isso (muito por causa da troca por Jamal Adams).
Por fim, parece que as coisas se resumiram a uma escolha entre Pete Carroll e Russell Wilson, e o time escolheu o head coach veterano acima de seu franchise QB. Só resta a nós agradecer por isso.
Russell ou Rodgers
Os Broncos, segundo muitos dizem, estavam tranquilos e esperavam para ver se teriam mais de uma opção. Não havia desespero aparente vindo de Denver, provavelmente porque já se sabia que Russell Wilson era de fato uma possibilidade.
Se no final das contas Paton escolheria Aaron Rodgers caso ele decidisse sair de Green Bay, não se sabe e nunca se saberá com 100% de precisão. Rodgers poderia ter sido usado como uma manobra para reduzir ainda mais o preço de Russell Wilson caso o camisa 3 fosse de fato o escolhido. Ou poderia ter sido o escolhido mesmo.
E, apesar de Rodgers viver o melhor momento e ser, pelo menos até o momento, considerado historicamente como melhor do que Wilson, existem motivos para escolher Wilson acima de Rodgers.
O principal deles é a idade. Wilson tem 33 anos, enquanto Rodgers tem 38. Para mim, sempre foi claro: Aaron Rodgers abriria uma janela de Super Bowl para o Denver Broncos por 2 a 3 anos. Russell Wilson, dependendo da sua longevidade, se torna o franchise QB dos Broncos e permite que uma janela maior seja aberta. Os Broncos tem um QB para agora e pelos próximos anos.
Além disso, Aaron Rodgers não tinha uma cláusula de não-troca, e os Packers poderiam abrir um leilão para ver qual time poderia pagar mais pelos serviços do atual MVP em anos consecutivos. O preço de Rodgers muito provavelmente seria mais alto do que o de Russell Wilson acabou sendo.
Quem é Russell Wilson?
Russell Carrington Wilson nasceu em Cincinnati, Ohio em 29 de novembro de 1988, mas cresceu em Richmond, Virginia. Ele tem um irmão mais velho que jogou futebol americano e baseball na Universidade de Richmond e uma irmã mais nova que jogou basquete em Stanford. O pai deles jogou futebol americano e baseball em Dartmouth e esteve no roster de pré-temporada dos Chargers em 1980.
Russell Wilson frequentou a Stone Bridge High School em Richmond onde jogou futebol americano, baseball e basquete. No período, ele participou da Manning Passing Academy, clínica de futebol americano organizada pela família Manning para jogadores de high school.
Ele recebeu proposta para jogar em Duke, mas optou por NC State. Além disso, Wilson foi draftado pelo Baltimore Orioles, time da MLB, em 2007 mas optou por seguir para a universidade, onde jogou baseball e futebol americano.
Em 2010, Wilson foi novamente draftado na MLB, dessa vez pelo time de Denver, o Colorado Rockies. Ele dividiu o tempo entre jogar futebol americano universitário e jogar no sistema de Minor Leagues e Spring Training no baseball.
Ainda na universidade, Wilson teve problemas para conciliar os dois esportes e acabou se transferindo para a Universidade de Wisconsin, onde jogou por uma temporada e foi colega de time do RB Melvin Gordon.
Como senior, Russell Wilson lançou para 3175 jardas, 33 touchdowns e 4 interceptações, além de 6 TDs corridos.
Wilson continuou conciliando o baseball e o futebol americano até 2012, quando informou os Rockies que buscaria seguir carreira na NFL. Em 2018, na offseason da NFL, ele entrou em campo em um jogo dos Yankees.
Wilson foi para o Draft da NFL de 2012. Por ter apenas 1m79 de altura, ele caiu até a terceira rodada do Draft onde foi escolhido pelos Seahawks na pick 75.
Russell Wilson chegou na NFL logo entrando em uma competição para o posto de titular contra Matt Flynn e Tarvaris Jackson. Wilson foi tão impressionante nos training camps que, apesar de ser apenas uma escolha de 3ª rodada, foi nomeado o QB titular para a semana 1.
Em 10 anos de carreira, Wilson foi 9x Pro-Bowler, 1x All-Pro, apareceu em dois Super Bowls e venceu um anel (não que o torcedor dos Broncos precise de ajuda para se lembrar disso). Ele tem, na carreira, 65% de aproveitamento nos passes, médias de 3700 jardas passadas por temporada, 292 touchdowns e 87 interceptações, além de 23 TDs corridos.
Desde que chegou à NFL, Wilson e os Seahawks só ficaram de fora dos playoffs em duas temporadas (2017 e 2021) e tiveram um recorde negativo apenas uma vez, na temporada passada. Ali foi também a primeira vez que Russell Wilson perdeu jogos na NFL, ficando de fora de três partidas após deslocar o dedo ao acertar o capacete de Aaron Donald durante a temporada regular.
Nos playoffs, Wilson venceu mais partidas (9) do que perdeu (7) e já teve algumas grandes performances.
Fora de campo, o quarterback é conhecido por ser extremamente competitivo e tem forte senso de liderança, o que já mostrou nos poucos dias desde que chegou em Denver. Dalton Risner e Courtland Sutton já comentaram em entrevistas como Wilson já está em contato com a linha ofensiva e os recebedores, e provavelmente isso se estende a outras áreas do time.
Agora, ele busca um novo começo, em um novo sistema, tendo pela primeira vez um head coach ofensivo ao seu lado, diversas armas e uma linha ofensiva que, por mais problemática que seja e que ainda precise de um right tackle, talvez seja a melhor que ele já teve na carreira.
Se preparem, porque a Era Wilson acaba de começar e promete ser muito divertida.
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