Saudações, torcedor dos Broncos! Já vimos com está a situação do Salary Cap de Denver. Hoje, veremos como podemos aumentar nosso Cap Space para adquirir novos jogadores.
Semana passada, calculamos o quanto de Cap Space temos para este ano após fazer alguns movimentos básicos de offseason. Ele é da ordem de 29,4 M de dólares no Top 51. Como já devem estar sabendo, John Elway apertou o gatilho e deu uma pick de quarta rodada em troca do QB Joe Flacco. Nossa editora Ana Luiza Figueiredo trará mais informações sobre isto em um post na semana que vem, mas saibam que, caso os Broncos consigam trocar Case Keenum com alguém, essa transação tem um impacto de apenas 0,5 M no nosso Cap (veremos em detalhes mais a frente). Portanto, vou atualizar nosso Cap Space para 28,9 M no Top 51, assumindo que Keenum será trocado, ainda que por uma pick de rodada baixa ou por duas marmitas sem mistura.
Se John Elway quiser aumentar este Cap Space para novas contratações, ele precisará cortar, trocar ou reestruturar contratos de jogadores. Trago aqui para vocês os principais jogadores que podem ter seus contratos findados ou modificados. Caso desejem saber informações sobre outros jogadores, vocês podem consultar os sites Spotrac ou Over The Cap. Também podem deixar o nome dele nos comentários que trarei as explicações para vocês. Sem mais, vamos lá!
Qual o impacto de um corte ou troca no Cap Space?
Quando um jogador é cortado, a economia de Cap gerado corresponde ao seu Cap Hit neste ano menos o Dead Money do contrato. Este Dead Money nada mais é que valor do dinheiro garantido em contrato que ainda não foi descontado do Salary Cap. Para ilustrar a situação, vou utilizar aqui o contrato de Case Keenum como exemplo. Ano passado, ele assinou um contrato de 2 anos por 36 M, sendo 6 M de bônus de assinatura. Por definição, este bônus conta como dinheiro garantido e seu Cap Hit é diluído igualmente ao longo dos anos do contrato (até o limite de 5 anos). Logo, este bônus contou como 3 M em Cap Hit em 2018 e conta 3 M no de 2019. Além disso, 7 M do salário base de Case em 2019 também são garantidos. Desta forma, cortar Case Keenum implica em um Dead Money de 3 M (bônus de assinatura) + 7 M (do salário base) = 10 M. Como seu Cap Hit em 2019 é de 21 M, o Cap Space gerado com o corte é de 11 M. Além disso, se cortado após 1º de Junho, o Dead Money é diluído entre este ano e o próximo, de forma que seriam descontados 5 M do Salary Cap de 2019 e 5 M do de 2020. A equipe também pode colocar uma designação de pós 1º de Junho em até dois jogadores, e cortá-los antes dessa data com o mesmo efeito.
Caso Case Keenum seja trocado, o time que adquiri-lo terá de arcar com os 7 M do salário base, mas não com o bônus de assinatura, visto que esse é pago integralmente no momento em que o contrato é oficializado. Assim, trocá-lo incorreria em somente 3 M de Dead Money, gerando 18 M de Cap Space. Guarde este último número para quando falarmos sobre Joe Flacco. A regra de 1º de Junho também vale para trocas.
Passando a faca: cortando / trocando jogadores dos Broncos
Eu selecionei aqui aqueles jogadores que acho que sejam mais passíveis de serem cortados ou trocados este ano. Esses também são aqueles que gerariam mais Cap Space. Para as trocas, estou considerando que não receberemos jogadores como compensação, somente escolhas de Draft. Como estamos considerando a regra do Top 51, cada corte devolve um salário de 0,6 M que é adicionado ao Salary Cap dos Broncos. Note que, no post da semana passada, já devolvi todos os salários de 0,5 M.
– Emmanuel Sanders: O WR tem um Cap Hit de 12,9 M e Dead Money de 2,7 M. Cortá-lo ou trocá-lo economiza 12,9 M – 2,7 M = 10,2 M. Como está no último ano de contrato, a regra do 1º de Junho não altera em nada estes valores. Sanders vem de uma contusão séria no Tendão de Aquiles e, pelo que libera de Cap Space, é um sério candidato a corte. O que pode salvá-lo é que ele é o único WR experiente no elenco, além de ser o único veloz e ameaça de bola longa.
– Ronald Leary: Nosso OG tem um Cap Hit de 9,2 M e Dead Money de 1,8 M. Cortá-lo ou trocá-lo gera 7,4 M de Cap Space. Após 1º de Junho, 0,9 M do Dead Money seriam descontados somente em 2020, aumentando a economia para 8,3 M. Com um histórico de lesões, esse parece um corte certo, né? Errado! O agente de Leary é ser muito perspicaz e colocou uma cláusula em seu contrato que garante 5,3 M em seu salário base de 2019 em caso de lesão. Logo, neste momento em que seu Tendão de Aquiles está arrebentado, seu Dead Money é de 7,1 M. Assim, a menos que os Broncos consigam trocar Leary, cortá-lo gera somente 2,1 M de Cap Space. Mesmo com a regra do 1º Junho, é muito Dead Money para pouca economia, então acho difícil os Broncos cortarem ele. Só se livrariam dele por meio de uma troca.
– Brandon Marshall: O ILB teve atuações pífias desde que assinou sua extensão e, na minha opinião, é serio candidato a corte. Em 2019, seu Cap Hit é de 9 M, com Dead Money de 4 M, o que daria uma economia de 5 M com corte ou troca. Após 1º de Junho, 2 M do Dead Money iriam para 2020, aumentando a economia em 2019 para 7 M. No momento em que escrevo este Post, os Broncos já informaram Marshall que ele não fica em 2019.
– Darian Stewart: o S já não é mais o mesmo de anos atrás e a posição está repleta de talentos mais jovens. Por isso, creio que Stewart é outro sério candidato a corte. Seu Cap Hit este ano é de 6,4 M e seu Dead Money é de 2,8 M. Logo, cortá-lo ou trocá-lo libera 3,6 M de Cap Space, que pode ser ampliado para 5 M após 1º de Junho.
É importante frisar que a maioria das decisões devem ser feitas até dia 13 de março, primeiro dia oficial da liga em 2019. Após esta data, boa parte dos salários base se torna garantida, de forma que a economia com o corte é diminuída.
Reestruturação de jogadores
Outra maneira de liberar Cap Space é reestruturando contrato de jogadores que não se deseje cortar ou trocar. Basicamente, existem duas formas de fazer isso. A primeira é propondo um corte de salário ao jogador. Por motivos óbvios, dificilmente alguém aceita isso (a menos que você seja Donald Stephenson). A segunda maneira, é transformando parte do salário base que o jogador tem a receber neste ano em bônus de assinatura, com ou sem uma extensão de contrato. Para ilustrar como isso funciona, vamos tomar como exemplo o contrato de Chris Harris Jr.
CHJ tem um Cap Hit de 8,8 M e um Dead Money de 0,9 M (por favor, nem me fale em cortá-lo!) em 2019, que é seu último ano de contrato. Destes 8,8 M, 7,8 M são relativos ao seu salário base. Vou fazer aqui uma simulação simplista, estendendo seu contrato por mais um ano e transformando 6 M de seu salário base de 2019 em bônus de assinatura. Além disso, vou oferecer a ele um salário base de 10 M em 2020, sendo 5 M garantidos. Como o bônus de assinatura teria seu Cap Hit diluído em dois anos, o contrato ficaria da seguinte forma:
- 2019: CHJ recebe salário base de 1,8 M + 0,9 M (bônus da extensão anterior) + 6M de bônus da nova assinatura. Seu Cap Hit será de 1,8 M + 0,9 M + 3 M (metade do novo bônus) = 5,7 M. Note que geramos 3,3 M extra de Cap Space.
- 2020: CHJ recebe salário base de 10 M + 3 M de bônus. Seu Cap Hit será de 13 M. O Dead Money para cortá-lo seria de 5 M (salário base garantido) + 3 M do bônus = 8 M.
O leitor mais atento já observou que essa operação gerou Cap Space em 2019 em troca de um alto Cap Hit em 2020, bem como um alto Dead Money. Exatamente por isso é que fazer reestruturações com jogadores que você não pretende manter até o fim do contrato não é uma atitude inteligente. Reestruturar Von Miller e CHJ é algo viável, pois você não espera gerar Dead Money cortando-os. Mesmo que tenham altos Cap Hit em determinado ano, ao menos nosso dinheiro está alocado em gente jogando no nosso time, não em outros. É aí que entra o fator Joe Flacco.
Joe Flacco ainda tem três anos de contrato, agora com os Broncos. Toda a grana que ainda tem a receber corresponde a salários base não garantidos, de forma que seu Dead Money é zero daqui até o fim do contrato em 2021. Seu Cap Hit será de 18,5 M em 2019, 20,3 M em 2020 e 24,3 M em 2021. Note que seu Cap Hit esse ano é apenas 0,5 M a mais do que a economia com a troca do Keenum, o que torna sua negociação quase que neutra em termos de Salary Cap (tirando a escolha de quarta rodada que demos…). Vamos então reestruturar Flacco. Vamos transformar 9 M de seu salário base este ano em bônus de assinatura, sem extensão, além de garantir 7 M de seu salário base em 2020 (senão o jogador não aceita, né?) . Seu contrato ficaria assim:
- 2019: Flacco recebe 9,5 M de salário base + 9 M de bônus = 18,5 M. Seu Cap Hit seria de 9,5 M + 3 M (um terço do bônus) = 12,5 M. Note que geramos 6 M de Cap Space neste ano.
- 2020: Flacco recebe 20,3 M de salário base. Seu Cap Hit seria de 20,3 M + 3 M = 23,3 M. O Dead Money seria de 7 M (parte do salário garantido) + 6 M (bônus que ainda falta descontar)= 13 M.
- 2021: Flacco recebe 24,3 M de salário base. Seu Cap Hit seria de 24,3 M + 3 M = 27,3 M. O Dead Money seria 3 M.
Observe o custo de reestruturar um atleta. No caso de Joe Flacco, é muito provável que ele não seja a solução de longo prazo e pode ser cortado, caso consigamos um QB calouro bom. Neste caso, geramos 6 M de Cap em troca de possíveis 13 M de Dead Money em 2020 e 3 M em 2021. Óbvio, que estas simulações são fictícias, mas a verdade é que a situação poderia ser até pior para os Broncos. Por isso, meu caro leitor, se você não tem convicção de que um jogador faz parte dos seus planos até o final do contrato, não reestruture ele. Creio que esse seja o caso de Joe Flacco.
Agradeço por ter me acompanhado na finanças do Denver Broncos este ano. Esperamos agora ansiosamente pela Free Agency e pelo Draft. Deixe seus comentários abaixo. Nos vemos em breve. Go Broncos!