Chad Kelly, O Sr. Irrelevante

Chad Kelly, o Sr. Irrelevante

Olá, amigo leitor e torcedor do Denver Broncos. Com a última escolha geral do Draft, o Denver Broncos escolheu o primeiro Sr. Irrelevante de sua história, Chad Kelly. Vamos mergulhar um pouco mais nos mistérios que cercam Kelly e a escolha em si.

As Origens do Sr. IrrelevanteTroféu Lowsman do Sr. Irrelevante

O Sr. Irrelevante, para quem não sabe, é o “título” dado desde 1976 à última escolha geral do draft de cada ano. O primeiro premiado da história foi Kelvin Kirk, draftado pelo Pittsburgh Steelers na escolha 487 do draft daquele ano.

Tudo começou porque o ex-recebedor de Niners, Colts e USC, Paul Salata, acreditava naquele ditado de “por último, mas não menos importante”, e decidiu premiar o último jogador selecionado em cada draft com uma semana só para ele e sua família. Eles passam uma semana em Newport Beach, Califórnia, jogam golfe, competem numa regata, participam de um tipo de “cadeira vermelha” e recebem o “Troféu Lowsman”, que é um Heisman, mas com um fumble sendo cometido.

Cada ano tem um Sr. Irrelevante, e alguns atingiram certa relevância. Entre eles, Bill Kenney foi eleito senador no Missouri, Ryan Hoag apareceu no reality show “The Bachelorette”, Marty Moore foi o primeiro Sr. Irrelevante a jogar um Super Bowl, Jim Finn foi o primeiro a estar num elenco campeão do Super Bowl (embora estivesse no IR) e Ryan Succop conseguiu um sucesso moderado no Kansas City Chiefs e, depois, Tennessee Titans.

De 1976 a 2013, o próprio Salata anunciava o Sr. Irrelevante, sendo substituído pela filha, Melanie Fich, desde 2014. Sobre a Semana Irrelevante, Paul tinha isso a dizer:

Criamos a Semana Irrelevante para deixar clara uma mensagem importante — não é negativo ser escolhido por último no Draft da NFL, é uma honra ser draftado. A última escolha do draft é uma demonstração de perseveração, e uma lição que ressoa não apenas com jogadores e fãs da NFL, mas com pessoas em toda parte.

E com a escolha 253 do Draft de 2017, o Denver Broncos escolheu Chad Kelly, garoto-problema na faculdade e sobrinho de Jim Kelly, QB do Hall da Fama.

Chad Kelly antes do DraftChad Kelly

Chad Kelly é considerado um garoto-problema. Saindo do ensino médio, era considerado o quinto melhor quarterback do país, e lutava com Cole Stoudt e Deshaun Watson pelo posto de titular de Clemson. Depois de problemas no estacionamento, e um segundo tempo passado num spring game gritando com os técnicos em 2014, ele foi dispensado.

Se você assistiu à série Last Chance U, na Netflix (se não assistiu, assista logo depois que terminar este texto), conhece o nome dele. Sua segunda parada universitária foi no East Mississipi Community College, onde lançou para 3.906 jardas e 47 TDs, vencendo um título nacional.

De lá, sua última parada universitária foi Ole Miss, se unindo a Archie e Eli Manning no topo do panteão dos Rebels (nome que lhe cai bem), quebrando 25 recordes em 22 jogos feitos nos dois anos que passou por lá, e terminando sua última passagem com 6.800 jardas aéreas e 50 TDs, somados a 841 jardas terrestres e 15 TDs. Foram 14 vitórias, 1 delas sobre a tão-poderosa Alabama.

Ele passou uma noite na prisão depois de ameaçar um segurança de uma balada que faria chover balas de AK-47 no local, e teve que ser contido ao tentar entrar em campo para defender o irmão, que tinha se metido numa briga num jogo de FA de ensino médio.

Ele também teve três lesões, incluindo ligamentos do joelho e do pulso e uma hérnia esportiva.

Chad Kelly Durante o Draft

O processo de Draft começou complicado para Kelly. Além de ter quebrado o pulso, ele foi “desconvidado” pela NFL do Combine (como aconteceu com Joe Mixon). A decisão, idiota a meu ver, fez com que os times não pudessem ter a oportunidade de entrevistá-lo e fazer algumas perguntas. No seu Pro Day, a lesão no pulso depois de apenas 12 passes estragaram os planos de impressionar, e farão com que ele não possa lançar passes até julho.

Na quinta à noite, dia da primeira rodada do Draft, Kelly dormiu no chão do porão de sua casa. Ele sabia que não seria draftado no primeiro dia, mas sua forma de dormir era uma metáfora para o fato de que sua carreira na NFL não começaria do andar térreo, mas do subterrâneo.

Na sexta, ele também não foi draftado. Ainda havia preocupações demais com seus problemas extracampo e lesões. Ninguém queria o próximo Johnny Football. Ele novamente dormiu no chão do porão.

Acordando no sábado, ele assistiu a um jogo de lacrosse do irmão caçula, enquanto ouviu do seu agente que o Denver Broncos tinha interesse em contratá-lo, caso não fosse draftado. Ainda não era o que esperava. Faltando três escolhas para o Draft acabar, Kelly saiu do sofá e foi fazer uns passes no quintal. Ele precisava desestressar. Para ele, o Draft estava acabado.

No Sports Science da ESPN, Chad Kelly teve os melhores resultados da história de um QB. E ainda assim, nenhum time o selecionava.

Diferente do tio famoso, escolhido na 14ª escolha geral do Draft de 1983, a espera de Chad durou do primeiro ao último minuto do Draft de 2017. John Elway ligou para o amigo e companheiro de Hall da Fama, Jim Kelly, e conversaram por algumas horas sobre os prós e contras de Chad. Jim deu sua palavra que valeria a pena investir em Chad. Elway ouviu.

Mal começara a lançar passes para seu irmão, o telefone tocou. John Elway estava do outro lado, dando as boas-vindas a Denver. Kelly só queria um playbook. Ele só queria ter uma chance. E agora, ele tinha.

Chad Kelly pode se tornar o Sr. Irrelevante mais relevante da história. Ele tem um braço capaz de lançar passes de 76 jardas, é um típico gunslinger e tem todos os atributos físicos para brigar pela titularidade no ano que vem. Diminuam a hype. Ele não vem para ser o salvador da pátria. Não ainda. O potencial ainda está lá. Ele tem muito a provar, mas recebeu sua chance.

O que vocês acham de Chad Kelly?

#GoBroncos!