Saudações, torcedores dos Broncos! Seguimos com nossa série de avaliações, desta vez com o Draft. Foram seis os escolhidos por John Elway e companhia, para os quais serão atribuídas notas aqui.
Nossos queridos Everton Fernandes, Pedro Pinto e Deivis Chiodini já fizeram uma brilhante análise técnica destes escolhidos no podcast da semana passada. Vou fazer uma análise um pouco diferente aqui. Levarei em conta a questão de necessidade da posição no elenco, controle de Salary Cap, montagem do elenco para 2020 e, claro, também vou dar um pitaco na habilidade de futebol americano do calouro. Da mesma maneira que no post de Avaliação da Free Agency, vou atribuir notas de A a F para cada um deles. Não irei avaliar os jogadores não-draftados porque, afinal, não foram draftados. Vamos lá!
Noah Fant, TE, Iowa – Nota: B
Não se discute o talento de Noah Fant. Com 1,96 m e 109 kg, ele é dono de um atleticismo incrível, ótimas mãos, capaz de esticar o campo e causar o caos na defesa adversária. Também é muito óbvio que TE era uma posição carente no elenco, visto que Jeff Heuerman, Jake Butt e Troy Fumagalli mal entraram em campo na última temporada. Pensando em 2020, se Noah Fant assumir a titularidade incontestável, abre-se a possibilidade de corte de Jeff Heuerman com Dead Cap mínimo.
Ora, por que a nota B então? Simples, gerenciamento de Cap. Caso Jeff Heuerman não atinja os gatilhos de incentivo em seu contrato, Noah Fant será o TE mais bem pago do elenco. Além disso, investir uma escolha de primeiro round em TE significa que deixamos de economizar Cap em uma posição mais bem paga na liga, como DL, QB ou OL. Os salários de TE na NFL mal chegam aos 10 milhões de dólares anuais, com exceção do contrato de Jimmy Graham que foi massivamente overpaid pelos Packers. Isso não tira o brilho da escolha, mas nos causará algum problema no próximo ano, quando teremos que renovar com vários jogadores de posições premium. Por isso, minha nota final é B.
Dalton Risner, OL, Kansas State – Nota: A
Risner foi simplesmente uma baita escolha dos Broncos. Versatilidade: confere! Jogou de LG, C, RG e RT no College. Nativo do Colorado e torcedor dos Broncos: confere! Qualidade na proteção ao passe: confere! Atropelamento de adversários no jogo corrido: confere! Dalton é um monstro no fronte ofensivo e vai ser titular desde a semana 1, preenchendo uma importante lacuna na nossa OL. Também representa um jogador barato em uma posição premium (qualquer que seja sua vaga na OL), na qual os salários anuais ultrapassam com facilidade os 15 milhões de dólares. Então é um controle de custo fundamental para a montagem do elenco em 2020. Por fim, permite um eventual corte de Ron Leary em 2020 para abrir ainda mais Cap Space.

Fonte: denverbroncos.com
Difícil achar algo negativo nesta escolha, mas talvez falte a Risner um tiquinho de atleticismo. Nada demais. A nota final não poderia ser outra que não A!
Drew Lock, QB, Missouri – Nota: A
Aqui vamos à maior polêmica do post. Pedro Pinto e Deivis Chiodini soltaram uma pistola leve sobre a escolha e acreditam que Lock será mais um QB sem sucesso escolhido por John Elway. Apontaram que um dos maiores problemas dele é a sua falta de consistência, visto que faz jogadas de Dan Marino e, no snap seguinte, uma de Jamarcus Russell. Eu concordo com isso. Porém, gostaria aqui de ressaltar um ponto importante: como ter consistência com três coordenadores ofensivos em quatro anos? E mais, cada um com um conceito de ataque. Não foi esse exatamente um dos problemas dos Broncos nos últimos anos? Pois é, senhoras e senhores, esta também foi a história de Drew Lock no College. Óbvio que ele possui muitos pontos a melhorar, mas sua inconsistência tem relação direta com as mudanças de OC em Missouri. Entre 2016 e 2017, foi o único período em que contou com o mesmo coordenador e apresentou um salto de qualidade incrível. Terminou 2017 com 3.964 jardas, 44 TD e apenas 13 interceptações. Enfim, é um jogador que tem um potencial imenso, mas que precisa de continuidade para desenvolvê-lo.
Nesse aspecto, é que todo o cenário atual dos Broncos me parece muito favorável a Drew Lock. Ele não tem pressão para ser titular, e estará diariamente treinando junto com um QB veterano (Joe Flacco), que possui um skill set muito similar, em um ataque que aproveita muito bem suas habilidades e, com sorte, que terá estabilidade para torná-lo consistente. Lock não tem pressão para ser titular nem em 2020. Se assumir o comando do huddle em 2021, permitirá cortar Flacco e gerar mais de 24 milhões de dólares em Cap Space, em uma ano que terá um novo acordo de contratos entre a NFL e jogadores, e um incremento significativo no Salary Cap. Com mais dois anos de contrato barato, os Broncos poderiam montar um baita elenco via Free Agency. Claro que esse plano pode não se concretizar jamais, mas ele é bem coerente. E se não der certo, gastamos pouco capital de Draft. Por tudo isso, minha nota para essa escolha é A.
Dre’Mont Jones, DL, Ohio State – Nota: A
Mais um grande acerto de John Elway e companhia aqui. Jones traz um elemento de pass rush pelo interior da linha defensiva que não temos desde a saída de Malik Jackson. Com muita explosão, técnica e um primeiro passo excelente, Jones tem tudo para ter impacto já no primeiro ano de liga, jogando como 3 ou 5 tech. Falta um pouco de força, mas o jogador garante que já está trabalhando nesse quesito.
Fora seu impacto em campo, Dre’Mont tem um papel fundamental para a montagem do elenco em 2020. Derek Wolfe, Adam Gotsis e Shelby Harris serão Unrestricted Free Agents ano que vem. Os dois primeiros, em especial, são muito mais eficientes contra o jogo corrido do que apressando o QB. Caso o valor de renovação de ambos seja muito alto, os Broncos podem optar por assinar apenas com um deles, tendo assim 3/5 tech run stopper e 3/5 tech pass rusher em Jones. Um ótimo ponto de partida para remodelar a DL. Por preencher uma lacuna no elenco, controlar custos em posição premium e ajudar na montagem do elenco a longo prazo, minha nota para essa escolha é A.
Justin Hollins, LB, Oregon – Nota: C
Essa escolha não faz sentido na minha cabeça até agora. Hollins até é alto, forte e veloz, mas é um EDGE com técnica abaixo da média e sem muitos recursos. E EDGE não é necessariamente uma posição que precisávamos. Fez menos sentido ainda depois trocar por Dekoda Watson, outro OLB veterano e importante contribuidor no ST. “Ah, Gustavo, mas ele pode fazer cobertura de passes também”. Sério? Pois então, Vic Fangio vai ter bastante trabalho em treiná-lo, pois esse não parece ser o forte dele. No fim das contas, ele não traz muita qualidade na rotação de OLB e não preenche uma vaga em ILB, nossa maior carência. É possível que ele venha a contribuir bastante no ST, mas não sei se isso é suficiente para justificar a escolha. Dou um desconto por ser escolha de quinta rodada, mas não consigo dar nota maior que C.
Juwann Winfree, WR, Colorado – Nota: B
Para conseguir um A na sexta rodada do Draft, a escolha tem que ser um steal muito grande, em geral, associada a um jogador de muito talento que caiu por lesão. Esse não é exatamente o caso de Winfree, mas eu gosto muito dessa aposta. Ele perdeu muito tempo fora por lesões e preferências questionáveis de seus treinadores no College. Mas quando esteve em campo, teve lampejos de jogador de NFL. Tem bom porte físico, ganha bolas contestadas, é um bom bloqueador e corredor de rotas.
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Fonte: The Ralphie Report
Ano que vem, perderemos Emmanuel Sanders para a Free Agency, pois dificilmente permanecerá em Denver. Juwann Winfree não tem as mesmas características, mas pode solidificar um grupo de WR jovens e com contratos longos e baratos. Claro que tudo isso depende dele ficar em campo, mas eu gosto da escolha. Nota B!
Nota final do Draft: B
No geral, fizemos ótimas escolhas, coerentes e que terão impacto cedo em Denver. Minhas únicas ressalvas são: não ter obtido controle de custos com a escolha de primeira rodada (embora Fant seja um baita jogador) e Justin Hollins, que não é nem um OLB para rotação, nem um ILB ou qualquer coisa que cubra passes. De qualquer forma, acho que John Elway encontrou a fórmula certa para selecionar calouros e fez o segundo bom Draft seguido.
Assim me despeço mais uma vez de vocês. Diga o que acharam do Draft 2019 dos Broncos na seção de comentários. Na próxima semana, finalizaremos a avaliação da nossa Offseason, juntando as análises da Free Agency e Draft com as das mudanças na comissão técnica e na filosofia de trabalho, além do caso Chris Harris Junior. Nos vemos em breve. Go Broncos!