Análise dos setores – semana 9 @ Cowboys

Saudações, torcedor@s dos Broncos! De maneira surpreendente, dominamos os Cowboys e conseguimos uma bela vitória fora de casa: 30 a 16. Vamos analisar os setores dos Broncos para saber o que deu certo e o que deu errado.

Os dados aqui utilizados foram retirados do site da ESPN norte-americana (link).

Ataque

Fizemos 30 pontos! Pode isso, Arnaldo? Pode! O ataque baixou o freio de mão e atropelou a defesa dos Cowboys. Um desavisado que não assistiu o jogo pode pensar que Bridgwater fez uma partida de MVP ou que Pat Shurmur aplicou um nó tático na defesa de Dan Quinn, mas não. Os Broncos fizeram o simples, mas sem ser simplório (obrigado, Deivis Chiodini, pelos ensinamentos!) e saíram da obviedade que marcou essa unidade na primeira metade da temporada.

Eu poderia colocar aqui vídeos da bomba de Bridgewater para o TD de Tim Patrick ou outras big plays de encher os olhos, mas ao invés disso vou listar três pontos simples, porém chaves para a vitória.

Ponto número 1, o jogo terrestre. Foram 39 chamadas de corrida (56,5%; 2 scrambles contabilizados como chamada de passe) contra 30 chamadas de passe. Descontando esses scrambles e o QB sneak (ou seja lá o foi aquilo) do TD de Bridgewater, conquistamos 191 jardas, média de 5 jardas por carregada e 1 TD. Um atropelo sem resposta do fronte defensivo de Dallas, que deu total controle do jogo para os Broncos, resultando em 41:12 minutos de posse de bola.

Como dito anteriormente neste post (link), isso era uma mudança fundamental para proteger a OL de suas falhas na proteção ao passe. Mais que isso, tanto Javonte Williams quanto Melvin Gordon estão muito bem na temporada, então coloquem a bola nas mãos dos caras! Shurmur chamou corridas em tudo quanto é tipo de situação, tirando os Broncos da obviedade.

E o esforço coletivo empregado no jogo terrestre mostra que esse time está unido e não jogou a toalha após a troca de Von Miller para os Rams. Acompanhe comigo no vídeo abaixo.

É uma segunda descida para 2 jardas e os Broncos trazem 11-personnel a campo. Shurmur chama uma outside zone pela esquerda da linha, com a OL se deslocado para o lado da corrida. Notem que Calvin Anderson resiste mesmo de joelhos no chão e Cushenberry avança sobre o ILB no segundo nível da defesa dos Cowboys (vou fingir que não vi Risner todo perdido). Mais que isso, notem os bloqueios maravilhosos de Jerry Jeudy e Courtland Sutton. Sim, WR fazendo o trabalho sujo e ajudando o time a avançar!

Tradução: Javonte Williams com uma corrida de 17 jardas pelo lado esquerdo”.

Segundo ponto, uso do quick game para esquematizar passes fáceis para Teddy B e colocar a bola na mão dos playmakers do time. Parece simples, mas os Broncos deixaram de fazer isso por um bom tempo. Teddy não fez nenhum jogo miraculoso, completou 68% dos passes para 249 jardas e 1 TD. Mas jogando com mais quick game, seu ponto forte, a eficiência em terceiras descidas subiu para 53%.

Veja o exemplo abaixo. Terceira descida para 3 jardas e os Broncos trazem 11-personnel a campo. Jeudy faz o motion e corre uma rápida rota flat. Além do motion ter causado bate cabeça na defesa dos Cowboys, Albert O corre uma shallow cross e Hinton corre uma corner route (ou curl, não sei ao certo), liberando campo para Jeudy conseguir muitas jardas após a recepção. A bola sai em menos de 2 segundos da mão de Teddy. Lindo desenho de jogada!

Tradução: “Bridgewater acha Jeudy em uma terceira descida para a primeira descida dos Broncos”.

Terceiro e último, uso do quick game contra blitz. Se alguém souber o porquê de Pat Shurmur ter insistido tanto em max protection e bomba no fundo do campo em situações óbvias de passe até semana passada, favor responder nos comentários.

É muito claro que a OL não estava conseguindo desempenhar um bom trabalho na proteção, que os TEs não são especialistas em proteger o passe e que Teddy tem sua força no jogo rápido. O quick game aliviou a barra da OL e funcionou muito bem contra blitz até em situações em que o ventilador de teto do meu quarto sabia que viria passe.

Vamos a um exemplo no vídeo abaixo. Terceira descida para 14 jardas e os Broncos trazem 11-personnel a campo. No lado direito do ataque (suspeito que no esquerdo também) Shumur manda um combo de speed out (ou flat) com uma in route. Nada de TE fazendo chip, nada de max protection.

Os Cowboys mandam uma zone blitz insana, Javonte Williams erra em reconhecer sua designação de bloqueio e a DL está pronta para jantar Teddy B. Só que a bola sai em menos de 2 segundos da mão do nosso QB e acha Kendall Hinton livre bem no momento que ele quebra a rota para dentro para ganhar 40 jardas. Bola na linha de gol, TD duas jogadas depois e o jogo estava decidido.

Tradução: “A jogada que ajeitou para o TD”. Favor, notar a cara de Dak Prescott com a jogada.

Coisas simples, meus caros, mas que colocaram nossos jogadores nas situações em que são mais fortes. Claro, que esse ataque vai precisar sair da zona de conforto em muitos momentos se quiser levar os Broncos para a pós-temporada, mas começar fazendo o simples é fundamental para dar ritmo à unidade.

Defesa

Vic Fangio pode ser criticado por seu mau trabalho como HC muitas vezes, mas o cara sabe como montar um plano de jogo defensivo. Ele reconhece as próprias fraquezas e minimiza o dano, ao passo que tira do ataque adversário aquilo que ele tem de melhor (ou parte disso).

Primeiro de tudo, estávamos enfrentando um adversário com um ataque top-3 em absolutamente todas as categorias. Quase impossível anulá-los em tudo de bom o que eles fazem. Olhando para o nosso time, por mais que Baron Browning e Kenny Young tenham estabilizado as coisas no fronte defensivo, sem Von Miller e Mike Purcell ficou ainda mais difícil parar a corrida. Sendo assim, o raciocínio de Fangio foi minimizar o estrago por terra e forçar eles a jogarem aquilo que é a força da nossa defesa.

Os Cowboys correram bem com a bola, conquistando 78 jardas e uma média de 4,9 jardas por carregada. O fato de não terem corrido mais foi por abandonar o jogo corrido estando atrás do placar. Mas note nas estatísticas que não cedemos nenhuma big play por terra e a jogada mais longa foi de 11 jardas. Isso significa que conseguimos colocar o adversário em terceiras e quartas descidas com frequência e aí os Cowboys entraram na roda.

Se vocês leram nossa análise na semana passada (link), sabem que nossa defesa foi muito bem em terceiras e quartas descidas. Não foi diferente em Dallas. Os Cowboys converteram apenas 5 de 13 terceiras decidas (38,5%) e zero de 4 quartas descidas. Vamos ver dois exemplos destas situações.

Primeiro, por terra, os Cowboys estão em uma quarta descida para 1 jarda e trazem 11-personnel em campo. Os Broncos estão em nickel, mas destaco aqui a posição de Justin Simmons. Ele vem para a linha de scrimmage e deixa o fundo do campo descoberto. Nem assim os Cowboys pensam em passar a bola e tentam correr a jarda na marra. Simmons lê a jogada maravilhosamente e fecha o único gap aberto na DL. Elliot não consegue avançar e conseguimos um turnover on downs.

Tradução: “Muito legal a jogada de Justin Simmons numa quarta descida curta”.

Segundo, por ar, os Cowboys estão em uma terceira descida para 7 jardas e trazem 11-personnel a campo. Fangio responde com sua formação nickel. Os Broncos mandam blitz e ainda deixam Kenny Young de spy para evitar que Dak Prescott ganhe a primeira descida correndo. A secundária está basicamente jogando mano a mano. Dak sente a pressão e sai do pocket, mas o spy força ele a lançar a bola e a cobertura está tão em cima que não há espaço para a recepção. Passe incompleto!

Tradução: “Simmons com uma cobertura pelo ar apertada”.

Aliás, esta última jogada exemplifica o que Fangio tem feito pelo jogo aéreo. O fronte precisa de mais blitzes para conseguir pressão, então temos jogado mais que o normal em man coverage. Essa secundária tem talento para isso e tem feito esse papel muito bem.

Em números, essa estratégia se refletiu em 2 sacks e 5 QB hits e Prescott completou apenas 19 de 39 passes (48,7%), para 232 jardas, 2TDs (de garbage time) e 1 INT.

O número de drops dos Cowboys e o jogo fraco de Dak ajudaram também, mas essa defesa foi muito bem. O adversário entrou no último período sem pontos no placar! Esperem mais dessa estratégia agressiva daqui para frente, pois Fangio vai continuar arriscando para manter essa defesa no topo.

“Time de especialistas”

Como esse time não pode ter uma partida perfeita nos três setores temos o bom e velho “ST” de volta com as suas trapalhadas. Como disse Vic Fangio após a partida, “o ‘ST’ tirou o dia de folga”. Que partida terrível dos comandados de Tom McMahon!

Começa com uma cobertura de kick off ridícula logo no início da partida permitindo um retorno de 54 jardas dos Cowboys. Aí vem nosso querido McManus e perde um PAT e um FG. Mas calma, tem a cereja do bolo, o lance da tinta! Punt bloqueado e fomos salvos apenas por uma outra trapalhada do adversário. Note como o adversário chega intocado em Sam Martin. Confira comigo no replay!

Tradução: “Em DEN vs DAL, o punt é bloqueado e a bola vai além da linha de scrimmage, onde é tocada pelo time recebedor. Como o time recebedor toca na bola além da linha de scrimmage, o time de chute está elegível para recuperar a bola. DEN recupera a bola, mas não pode avançar com ela”.

Fora isso ainda teve Diontae Spencer de volta com seus retornos de kick off ridículos, com média de incríveis 12 jardas por retorno! Tira esse cara de campo de novo, por favor! Aliás, faz diferente: tira o McMahon, por favor!

Conclusão

Que partida do Denver Broncos, meus amigos! Foi um domínio completo tanto no ataque quanto na defesa e os Cowboys nunca tiveram chance de vencer a partida. Quem diria?! Shurmur finalmente conseguiu colocar o ataque e seus atletas em situações favoráveis, enquanto que Vic Fangio mantém essa defesa em um nível elevado.

Do mesmo jeito que não podemos desanimar nas derrotas, não podemos empolgar demais nas vitórias. A NFL é muito dinâmica e tudo muda semana a semana e a verdade é que a AFC tem poucos times se destacando (só Titans e Ravens). Está tudo embolado e se esse Broncos mantiver a união, a concentração e a pegada mostrada em Arlington, tudo pode acontecer. Temos uma chance de ir a pós-temporada, mas o caminho é longo deve ser encarado jogo a jogo.


Essas foram as minhas considerações sobre a vitória contra os Cowboys. Deixem as suas na seção de comentários.

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