Saudações, torcedor@s dos Broncos! Não foi bonito, mas os Broncos venceram o WFT em casa por 17 a 10. Finalmente voltamos a vencer depois de quatro derrotas seguidas. Vamos analisar os setores da equipe para saber o que deu certo e o que deu errado nesta partida.
Os dados deste post foram retirados do site da ESPN norte-americana (link).
Ataque
Semana vai, semana vem e o ataque dos Broncos continua moroso. Dá sono ver os comandados de Pat Shurmur em campo. A culpa não é só do nosso OC, já que os atletas cometem erros básicos de fundamento em campo, mas Shurmur muitas vezes não coloca os atletas em condições de terem sucesso.
E mais: Se não está dando certo, alguma coisa precisa mudar. Não podemos passar mais tempo marcando menos de 20 pontos em uma partida.
Vamos aos principais números da unidade. Foram 27 chamadas de passe e 20 de corrida (1 scramble contabilizado como chamada de passe), ou 57,5% de chamadas de passe. Comparado com as últimas semanas (relembre aqui e aqui) foi um ataque mais equilibrado e que usou mais o jogo terrestre.
As carregadas terrestres foram bem balanceadas também com 10 carregadas para Melvin Gordon, 9 para Javonte Williams e uma para Jerry Jeudy (um end around totalmente telegrafado). Conquistamos 83 jardas totais, média de 4 jardas por carregada, e 1 TD. Não é fantástico e as jardas conquistadas são um pouco inconstantes, mas esses números mostram que não há motivo para abandonar o jogo terrestre como feito em algumas partidas.
Pelo ar as coisas foram mais modestas, mas nada mal também. Teddy completou 19 dos 26 passes tentados (73%), para 213 jardas (média de 8,2 jardas por tentativa) e 1 TD. Não lançou interceptações (na verdade lançou uma que foi dropada). Talvez esperássemos mais contra o WFT, que tem uma das piores defesas contra o passe, mas não é ruim. Ok, Gustavo, se os números não são tão ruins, por que esse ataque não vai para frente?
Na minha opinião falta ritmo e energia nesse ataque. São muito pouco frequentes os drives em que esse ataque consegue manter uma pegada enérgica e constante atravessando o campo. Começa bem, de repente comete dois erros seguidos, fica em terceira longa e o drive acaba. Vou listar os motivos que acredito serem a causa disso.
Primeiramente a insistência em conceitos horizontais de passe em situações chave. Mais uma vez falhamos em conseguir jardas após a recepção nestes conceitos, de forma que deixamos de converter algumas terceiras descidas e os drives morreram.
Vamos ver isso no vídeo abaixo e aproveitar para listar o segundo problema: a proteção ao passe da OL. Os Broncos estão em 11-personnel e em uma formação 3×1, os 3 WRs na parte debaixo do vídeo e Noah Fant ao lado da OL na parte de cima. Shurmur utiliza o mesh concept, com duas rotas cruzando o campo, mas sem profundidade, se cruzam próximas à linha de scrimmage. O problema é que a jogada é uma terceira descida para 9 jardas.
Primeiro preste atenção na OL. O snap é feito e em menos de 3 segundos os rushers já estão batendo em Teddy B. Bolles perde seu 1 a 1 e Graham Glasgow tem uma pane mental passando um DL para Bobby Messie que já está todo ocupado com ninguém menos que Chase Young e acaba ficando com dois rushers. Não rolou! É provável que a blitz tenha confundido nosso OG, mas não se espera disso de um veterano com anos de NFL.
Agora repare nos recebedores. As duas shallow crossing routes estão bem afastadas da linha de primeira descida e requer que os recebedores quebrem tackles para manter o ataque em campo. Já escutou isso, né? Pois é, insistimos no mesmo erro. Noah Fant recebe a bola e o DB de WFT faz o tackle para matar o drive.
Se espera que um atleta como Noah Fant quebre tackles, em especial contra DBs, mas não é de hoje que ele está mal e Shumur insiste nas mesmas coisas para ele. As duas recepções do nosso TE foram em rotas horizontais para pouco ganho de jardas (8 no total). Nosso OC também insiste em usar Fant no mano a mano contra EDGEs. Resultado: Fant cedeu 1 sack domingo. Fora as penalidades…
Por mais que Fant esteja decepcionando este ano, ele continua sendo usado naquilo em que não é o forte dele. Olhe o mapa novamente e veja que não usamos o atleticismo dele para atacar as seam routes do WFT. De novo…
Terceiro, Shurmur tem algumas chamadas questionáveis. Terceira descida longa? Manda shallow crossers e screens. Terceira curta? Passa a bola. Não importa se o time está correndo bem com a bola. Veja o exemplo no vídeo abaixo.
Terceira descida para uma jarda e os Broncos trazem 12-personnel a campo. O fato de Kendall Hinton entrar nessa jogada, uma terceira descida, já é suspeito, dado que ele teve 2 snaps na partida. Ele ainda fica em motion pré-snap para lá e para cá que nem um maluco.
Ao invés de colocar Gordon para correr e ganhar uma jarda, Shurmur chama um passe para trás da linha de scrimmage. O LB de WFT leu a jogada desde o início e conseguiu o tackle para perda de jardas. Não queremos ser óbvios em situações de corrida ou passe, mas acho que falta um pouco mais de entendimento de que esse ataque ainda precisa fazer o básico antes de saltos mais longos.
Por último, é óbvio que boa parte da culpa é dos atletas. Execuções sofríveis, erros banais, faltas em momentos críticos e muito mais. O último drive é o maior exemplo disso, com dois fumbles e um passe incompleto quando tudo o que precisávamos era finalizar a partida. Inaceitável! É uma soma de pequenos erros que mina qualquer regularidade desse ataque.
De positivo, além do já mencionado jogo corrido, deixo o passe para o TD de Melvin Gordon. Pela segunda semana seguida conseguimos isolar nosso RB contra o LB adversário dando chance para ele bater o defensor. Note que a jogada é muito similar à de cima que deu errado.
O que mudou? Três coisas: a jogada foi em 11-personnel, a situação (é uma primeira para 10 jardas) e a execução. De novo, repito: eu acho que dá para esse ataque render mais nas mãos de Pat Shurmur. Falta nosso OC ajustar suas chamadas às situações e aos atletas, e cabe aos atletas terem mais concentração na execução.
Defesa
Como dois jogadores fazem diferença em uma unidade já desmontada por lesões! Baron Browning e Kenny Young entraram para cumprir as funções de ILB e estabilizaram a defesa. Ambos ainda parecem perdidos em algumas situações, normal para quem tem poucos snaps nessa defesa, mas foram muito competentes no geral.
Para mostrar como eles fizeram a diferença, vou deixar o vídeo de um dos snaps com Justin Strnad em campo. WFT traz 12-personnel a campo e chama um play action.
Strnad (no centro do campo) morde o play action (até aí tudo bem) e ao invés de marcar o RB, dropa verticalmente em cobertura deixando o adversário livre para receber o passe. Para completar a lambança, ao invés de atacar o RB de WFT, nosso ILB ficou cercando galinha e perdeu o tackle. Esse foi o nível de jogo contra os Browns, e que Browning e Young corrigiram.
A principal diferença foi por terra. Com ambos em campo, a DL se ajustou melhor e os Broncos cederam uma média de 4,1 jardas por carregada para WFT. Aqui estou descontando scrambles e um jet sweep. Nada espetacular, mas muito melhor que as 5,5 jardas de média da semana passada (6,5 contando só os RB). E defender a corrida não é a base dessa defesa do Fangio.
O mais importante é que isso foi o suficiente para colocar WFT em situações de terceira e quarta descida, nas quais nossa defesa foi muito bem. Permitiu apenas 5 conversões de 14 terceiras descidas (35,7%) e 1 de 5 quartas descidas (20%). Não a toa, WFT teve muitas dificuldades para chegar à redzone. E quando conseguiram, nossa defesa lembrou aquela do ano passado, a número 1 da NFL na redzone: WFT conseguiu zero TDs em duas viagens às últimas 20 jardas do campo.
Outro ponto importante foi a pressão que nosso fronte conseguiu impor sobre Taylor Heinicke. Foram 5 sacks e 7 QB hits no total, sendo alguns sacks cruciais em terceiras descidas. Fangio utilizou blitzes e esquemas especiais nessas situações para forçar o ataque adversário para fora de campo. Vamos a um exemplo no vídeo abaixo.
É uma terceira descida para 7 jardas e WFT traz 11-personnel a campo. Fangio responde trazendo sua formação dime com Caden Sterns no lugar de Kenny Young. Com seu porte e atleticismo, Baron Browning oferece uma arma a mais em blitzes, semelhante a Alexander Johnson. Fangio manda então Browning para o blitz e arma um stunt entre Shelby Harris e Dre’Mont Jones. A OL não aguenta e Heinicke beija a grama.
O que ainda pode melhorar um pouco é a cobertura ao passe. Heinicke completou 24 de 39 passes tentados (61,5%), para 270 jardas (6,9 jardas por tentativa), 1 TD e 2 INTs. Note que não são números ruins, e de fato a secundária não foi mal.
O problema foi as big plays. Destas 270 jardas, 112 vieram em jogadas de 20 ou mais jardas. É muita coisa! Descontando essas big plays, a média de jardas por passe de WFT cai para 3,3. Então não é que a secundária foi mal. Ela controlou a linha de primeira descidas e tirou WFT de campo na maior parte do jogo, além de resistir bravamente na redzone. Mas uma defesa montada justamente para minimizar esse tipo de lance precisa de maior concentração. Está vacilando muitas vezes em uma partida.
“Time de especialistas”
Dou o braço a torcer e preciso admitir: que partida dos comandados de Tom McMahon! Não é o suficiente para tirar as aspas do nome da “unidade”, mas precisamos dar o crédito quando ele é merecido.
McMahon leu nosso post semana passada e deixou Dionte Spencer de fora do jogo. Ninguém tentou retornar kickoffs e começamos nossos drives na linha de 25 jardas. Sim, muito ajuda quem não atrapalha! Sam Martin teve mais uma partida consistente com uma média de 45 jardas por punt, e as coberturas foram excelentes durante toda a partida. Só houve um retorno de WFT para 12 jardas.
Mas os pontos altos do “ST” foram os FG bloqueados. Foram dois, o que simplesmente impediu que WFT pudesse ganhar a partida com um FG no último drive. Segue o vídeo abaixo com o bloqueio de Shelby Harris (tá certo, o chute foi hediondo!).
Como esse “ST” não pode passar sem uma trapalhada, McManus chutou um traseiro bovino e perdeu um de seus 2 FG tentados. Ok, sem problemas. Ele tem crédito e depois de tanta corneta não vou diminuir o brilho da “unidade”, que foi decisiva na partida.
Conclusão
Se a defesa resolveu seus problemas e voltou a ser uma unidade competente, o mesmo não pode se dizer do ataque. Os comandados de Pat Shurmur não conseguem imprimir um ritmo adequado à partida e são um verdadeiro sonífero para o torcedor, quando não motivos de nervos.
Com uma defesa que, mesmo sem Von Miller, deve continuar a ser uma unidade eficiente, esse ataque é o que nos mantem distantes de qualquer chance de playoffs. E aí? Vai mudar? OC, atitude, jogadores? Não sei, mas algo precisa mudar.
Quando corneto posso ser pesado, mas sei reconhecer quando McMahon e o “ST” merecem elogios. Não só não comprometeram contra Washington, como foram decisivos para a vitória. Parabéns, McMahon!
Essas foram as minhas considerações sobre a vitória contra WFT. Deixem as suas na seção de comentários.
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