Saudações, torcedor@s dos Broncos! Perdemos a primeira partida da temporada, 23 a 7 para os Ravens em casa. Vamos analisar os setores da equipe para saber o que deu certo e o que deu errado no jogo.
Os dados aqui utilizados foram extraídos do site da ESPN norte-americana (link) e do site Next Gen Stats (link).
Ataque
O ataque definitivamente foi o ponto chave do fracasso na partida contra os Ravens. Um plano de jogo difícil de decifrar, execução ruim de jogadores chave e uma péssima partida da OL provavelmente são os fatores que melhor explicam essa atuação bem abaixo do aceitável.
Primeiramente, preciso ser sincero em dizer que não compreendi ao certo qual foi o plano de jogo bolado por Pat Shurmur. Me parece que de início houve um foco no jogo corrido, aliás com bastante sucesso, visto que os Broncos anotaram 106 jardas terrestres com uma média de 6,2 jardas por carregada.
Isso aliviou um pouco a pressão em cima dos nossos OG mais inexperientes em campo (Muti e Meinerz), que tem na força no ponto de ataque a sua principal virtude, sendo mais crus na técnica de proteção ao passe. Para mim foi decisão acertada.
O que não dá para entender foi a opção por tentar bolas longas em terceira descida. Note no mapa de passes de Teddy Bridgewater a quantidade de passes intermediários (10-20 jardas) e longos (20+ jardas) tentados.
Se a estratégia com isso era deixar a defesa dos Ravens honesta, nosso OC não assistiu a defesa de Baltimore nos últimos anos, pois ela não para de mandar pressão com blitzes e frontes criativos não importa o que aconteça. Fica claro pelo mapa que a estratégia não deu certo, pois esses passes longos não entraram e convertemos ridículas 3 de 14 terceiras descidas (21,4%).

Outro ponto importante foi o abandono do jogo corrido, mesmo com o sucesso dele. Considerando o scramble de Teddy como chamada de passe, foram 38 snaps de passe (70,4%) contra apenas 16 de corrida (29,6%).
Entendo que no final havia certa urgência para recuperar o placar, mas nunca estivemos a mais de duas posses em desvantagem. Não há justificativa para tantos passes, especialmente com a entrada de Drew Lock que claramente não estava bem. Com nosso QB reserva, Shurmur chamou somente 4 corridas! Por quê?! Não consigo pensar em qualquer justificativa plausível para isto.
Mas temos que ser sinceros em não colocar toda a culpa sobre nosso OC. Os jogadores tiveram papel importante na derrota com uma execução abaixo do aceitável. Em que pese a estranheza das bolas longas em terceiras descidas, Albert O teve um drop inaceitável em uma dessas jogadas que fatalmente resultaria em um TD.
A OL teve uma atuação sofrível na proteção ao passe, seja por conta da ausência de dois OG titulares ou pela péssima partida de Garret Bolles. Drew Lock… Bem, deu para ver claramente porque ele não é o titular.
Mas Teddy B também deixou jogadas importantes em campo e foi mal na partida. Vamos a um exemplo de um lance inaceitável do nosso QB titular no vídeo abaixo.
É uma primeira descida para 10 jardas e os Broncos estão em 13-personnel (3 TEs). Os 3 TEs alinham na parte de baixo do vídeo com a clara intenção de usar o porte físico deles contra os DBs dos Ravens no jogo aéreo. Com o motion de Melvin Gordon, os Broncos ficam em empty set e fica muito claro que os Ravens estão em marcação por zona, pois nenhum jogador segue o nosso RB.
Preste bem atenção agora na parte de baixo do vídeo, onde estão os TEs. É claríssimo que o TE do meio (Albert O) está praticamente sem marcação, com o S adversário muito afastado dele (e lembre-se, é marcação em zona). Numa simples leitura pré-snap, qualquer leigo sabe que a bola tem que ir nele.
A situação fica mais clara ainda pós-snap, quando Noah Fant corre uma rota go levando o 44 dos Ravens para longe dos outros dois TEs. Ambos correm rotas speed out contra a marcação de apenas um defensor. O resultado é que Albert O estava ultra-livre, mas não recebe a bola. Passe incompleto. O mais estranho é que Bridgewater faz a leitura naquele lado do campo, mas não faz o passe (veja na câmera por trás da OL).
E por mais que Meinerz não tenha tido uma boa jogada ali, não havia pressão que justificasse a bola não ter ido onde deveria. Ponto negativo para nosso QB, que ainda tem muito crédito pelas partidas anteriores.
Em resumo, o fracasso do ataque foi uma combinação de erros de jogadores e comissão técnica. Por mais que o plano de jogo tenha sido duvidoso, não podemos crucificar somente Pat Shurmur quando os jogadores deixaram tanto a desejar em campo.
Defesa
Pode não ter sido a melhor das apresentações, mas quando você segura um dos melhores ataques da NFL a 23 pontos isso é o suficiente para dar ao seu time uma chance de vencer. Acho que isso resume bem a atuação da defesa: Não foi uma atuação de gala, mas também não foi a pior das exibições.
O plano de jogo montado foi claro e correto na minha opinião: manter Lamar Jackson no pocket, frear o jogo corrido dos Ravens e forçar eles a nos vencer pelo ar. Os dois primeiros itens da lista foram cumpridos, mas sofremos 23 pontos mesmo assim. Vamos analisar estes itens por partes.
Em primeiro lugar, Lamar foi contido no pocket e não conseguiu colocar em campo suas corridas explosivas. Ele correu apenas 7 vezes para 28 jardas (7 jardas a mais longa delas), média de 4 jardas por carregada. Não somente Lamar, mas os Ravens como um todo não tiveram o sucesso por terra que estão acostumados a ter, precisando de 30 corridas para ultrapassar as 100 jardas, sendo a última delas algo um tanto quanto ridículo por parte deles faltando 3 segundos para terminar a partida. No total foram 102 jardas com uma média de 3,4 jardas por carregada, pouco para o ataque terrestre mais produtivo da liga.
Isso atesta a qualidade do nosso front seven, muitas vezes deixado em segundo plano devido ao talento que temos na secundária. Fangio e Donatell utilizaram de muita criatividade em seus frontes, mandando blitzes com sabedoria e sacando de novidades como quatro DLs de mão no chão, uma formação de defesa 4-3 (oposto da 3-4 que empregamos na grande maioria do tempo).
Isso resultou na baixa média de jardas corridas pelo adversário, bem como em 5 tackles para perda de jardas. Os jogadores também tem méritos, pois foram muito disciplinados em suas designações e ainda conseguiram mandar calor para cima de Lamar Jackson.
Anotaram 3 sacks e 8 QB hits! Já repeti muitas vezes e vou repetir mais uma: Nosso front seven merece mais reconhecimento, principalmente a DL e os ILB. Nossos OLB são monstros, mas esses (em geral) já são notados pela torcida.
Se os dois primeiros itens da nossa lista foram executados quase à perfeição, por que então sofremos 23 pontos? Simples, porque os Ravens nos venceram pelo ar! A porcentagem de passes completados não foi alta: Lamar conectou apenas 22 dos 37 passes tentados ou 59,5%.
O problema foi que ele conseguiu 316 jardas aéreas, incluindo diversas big plays e um TD. Na minha opinião, seria normal os Ravens conseguirem mais jardas pelo ar. Com tanto comprometimento em parar o jogo corrido, é natural que os Broncos tenham ficado mais vulneráveis pelo ar. O grande problema foi o excesso de coberturas quebradas ou busted coverages no jargão norte-americano.
O TD de Marquise Brown foi o melhor exemplo disso, inclusive mostrando a disciplina do front seven em cumprir suas designações. Vamos analisar a jogada no vídeo abaixo.
Os Broncos estão aparentemente em Cover 6, jogando Cover 4 na metade de cima (no vídeo) do campo e Cover 2 Man na de baixo. Tecnicamente, creio que tem uma blitz na jogada, pois 5 jogadores nossos estão no backfield adversário, mas note que Von Miller não apressa o passe.
Ele e a DL se mantém disciplinados, confinando Lamar no pocket. Os CBs desempenham um bom papel na jogada e o resultado é que a única opção dos Ravens é Marquise Brown que está sozinho contra os dois safeties. Mas é aí que a coisa desanda.
Brown é muito veloz, tudo bem, mas Simmons e Jackson tem que jogar mais em profundidade para impedir essa jogada. Note que Simmons dá o lado de dentro do campo, provavelmente esperando a ajuda de Jackson nesse setor, que na verdade nunca viria. Ele nem olhou para o WR. O resultado é uma busted coverage e Brown aparece totalmente livre para recepcionar o TD.
Isso se repetiu em outros lances como no TD de Mark Andrews que voltou por conta de uma falta dos Ravens. Foram erros graves que apagaram um pouco do brilho daquilo que foi um plano de jogo bem montado e bem executado (na maior parte do tempo…).
“Time de especialistas”
Tom McMahon e seus comandados não decepcionaram e mandaram a “jogada da semana dos especialistas” ou o lance da tinta, como preferirem. Retorno de punt de 42 jardas e Ravens em bela posição de campo para anotarem um field goal no drive seguinte. Confiram comigo no replay!
Sarcasmo à parte, é impressionante como essa “unidade” faz jogadas patéticas toda semana e colocam o time em situações difíceis. Não é possível que o Fangio vai morrer abraçado com o McMahon. Nosso “STC” tem que ser demitido para ontem! Não dá mais, o “ST” vai afundar esse time!
Para ser justo, não ajudou em nada Sam Martin ter que fazer 10 punts. Ele conseguiu inclusive uma boa média de 49,1 jardas por punt, mesmo com o lance da tinta. Tá na cara que colocar o “ST” em campo é a receita para o fracasso e ataque não ajudou nesse sentido. Mas não tem como passar o pano para esses caras. Algo tem que mudar e creio que começa por uma mudança de coordenador.
Conclusão
Não foi a tarde dos Broncos e o time conheceu sua primeira derrota. No ataque, um plano de jogo confuso e uma execução fraca por parte dos jogadores nos fizeram lembrar daquela unidade anêmica do ano passado.
A defesa jogou bem e foi muito disciplinada em cumprir o plano de jogo estabelecido, mas cometeu erros capitais que deram ampla vantagem aos Ravens.
O “ST” é o “ST”, sem novidades. Justiça seja feita que os Broncos estavam sem 9 titulares no segundo tempo, de modo que esperamos boas notícias do departamento médico ao longo da semana para termos chance de bater os Steelers em Pittsburgh.
Essas foram minha considerações sobre os setores. Deixem as suas na seção de comentários.
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