Análise dos setores – Semana 15 vs Bengals

Saudações, torcedores dos Broncos! Em mais um apagão ofensivo, Denver perdeu em casa para o Cincinnati Bengals: 15 a 10. Vamos analisar os setores da equipe nesta partida para saber o que deu certo e o que deu errado.

Os dados aqui utilizados foram retirados do site da ESPN Brasil (Link)

Ataque

Depois de 14 jogos assistindo esse ataque, cheguei à conclusão que não consigo mais passar raiva com ele. Essa unidade, na verdade, é simplesmente a materialização da tristeza. Sem ritmo, sem criatividade e sem dó de nos dar esperança por alguns instantes somente para entregar a paçoca ao adversário logo em seguida.

Eu poderia aqui repetir muitas coisas que já falei ao longo deste ano, mas vou fazer o esforço de analisar o jogo contra os Bengals e suas particularidades.

Olhando para os dados, achei que o balanceamento das chamadas de passe e corrida foi bom. Foram 37 chamadas de passe (54%, scrambles contabilizados como chamada de passe) contra 31 de corrida (46%). Considere aí que praticamente só passamos nos últimos drives, tentando tirar um coelho da cartola.

E nosso jogo terrestre foi relativamente eficiente, conquistando 125 jardas com nossos 2 RBs, média de 4,2 jardas por carregada. Poderia ter corrido mais? Sim, ainda mais apenas uma posse atrás do placar, mas no geral as chamadas foram equilibradas.

Mas então o que deu errado? Primeiro: os Bengals tem uma das melhores defesas contra o jogo corrido da NFL e teve muito sucesso em parar nossas corridas em primeira descida. Segundo: a resposta maravilhosa do nosso OC foi tentar curar isso com play actions de rotas longas e que demoram para se desenvolver.

Veja no vídeo abaixo um exemplo. Após uma stuffed run, os Broncos enfrentam uma segunda descida para 11 jardas. Shurmur manda 11-personnel a campo e Jerry Jeudy faz o motion, entregando que a marcação é por zona (alguma espécie de cover 2). O TE e o RB ficam na proteção ao passe, Jeudy não faz nada na jogada e Sutton e Patrick correm rotas go com outside release. Nem dá tempo da jogada se desenvolver e o EDGE já está na cara de Teddy. Passe incompleto.

Tradução: “O calouro Cameron Sample bate rapidamente Bobby Massie por dentro para estragar o passe em segunda descida”.

Jogo rápido, dropbacks curtos e coisas do tipo? Claro que não, nosso OC não gosta disso, nem mesmo sabendo que esse é o forte do seu QB limitado. O que ele gosta mesmo é de terceiras descidas longas, gosta de um desafio! E também gosta de facilitar a vida do adversário, que abusou de blitzes em terceiras descidas. Esse foi o ponto número três do insucesso do ataque.

Veja o exemplo no vídeo abaixo. Terceira para 5 (ok, nem é tão longa assim) e Shurmur manda 11-personnel a campo. Tim Patrick faz o motion e denuncia que os Bengals estão em man coverage. O adversário manda 5 para o rush, incluindo um ILB pelo A-gap e o slot CB. Interessante notar que o EDGE embaixo no vídeo finge que vai para o rush e sai para cobrir o RB, quebrando todo o sistema de bloqueios da OL e permitindo o ILB chegar em Teddy em menos de 2 segundos. Passe completo, mas para perda de jardas.

Talvez um QB melhor fosse imediatamente na crossing route de Tim Patrick que claramente é desenhada para queimar uma possível blitz e tentar ganhar a primeira descida. Mas com menos de 2 segundos para lançar eu não vou criticar nosso QB.

Tradução: “Os Bengals mandam um jogador para o blitz que não é bloqueado. Bridgwater se livra da bola passando para Javonte Williams”.

Essa combinação de fatores colocou os Broncos em situações complicadas em toda a partida. Convertemos apenas 7 de 16 terceiras descidas (46%) e não convertemos a quarta descida que tentamos. Lock marchou o campo melhor, dada sua capacidade de esticar mais o campo e ajudar nossa corrida em primeira descida. Mas ele também tem uma capacidade fantástica de cometer turnovers que minaram nossas chances na partida. Resultado: 10 miseráveis pontos e uma derrota.

Resumindo, OC teimoso, colocando jogadores em situações ruins, não se adaptando ao jogo e jogadores com performance aquém do esperado (drops, bloqueios errados, leituras ruins, etc.). A combinação que jogou nossa temporada no lixo, bem como o emprego de muitos nessa comissão técnica. Assim espero.

Defesa

Não só a temporada, mas uma unidade de elite foi jogada fora esse ano. Com média de 17,5 pontos entregues por partida, a defesa de Vic Fangio em 2021 cede menos pontos que a No Fly Zone de 2015 (17,9). Isso pouco importa, já que o ataque não faz nem 16.

De maneira geral, achei que a defesa foi melhor do que contra os Lions. Primeiro, porque conseguimos segurar o melhor RB deles (Joe Mixon) a 58 jardas em 17 carregadas, média de 3,4 jardas por carregada. Samaje Perine foi melhor correndo com uma média de 7,5 jardas por carregada, mas ele só correu 4 vezes com a bola.

Segundo, porque conseguiu colocar mais pressão sobre Joe Burrow com 3 sacks e 5 QB hits. Isso dificultou muito para os Bengals, mesmo quando a secundária bateu cabeça. Vamos a um exemplo disso no vídeo abaixo.

Terceira para 7 e os Bengals trazem 11-personnel a campo em empty set. Fangio responde com pacote dime e cover 6. Na parte de cima do vídeo, todos os recebedores adversários estão bem marcados e Burrow não tem para quem passar ali. Essa metade do campo foi a primeira que ele leu.

Quando ele muda a leitura para a metade de baixo, Surtain e Hairston batem cabeça (erro de Hairston na minha opinião) e o número 85 sai livre na crossing route com uma chance de conquistar uma primeira descida. Mas o QB não tem tempo de passar a bola porque Jonathon Cooper e Shelby Harris já chegaram nele para o sack!

Tradução: “Pegamos eles!”

Infelizmente outro bate cabeça semelhante resultou na jogada que definiu o jogo. Vamos a ela no vídeo abaixo. Primeira para 10 jardas e os Bengals trazem 11-personnel a campo. Os Broncos estão com pacote nickel e jogam algo que me parece algum tipo de cover 1.

Notem que o motion do #87 adversário causa um bate cabeça entre Baron Browning e (acho) Bryce Callahan. Ambos vão marcar o TE e simplesmente esquecem de Tyler Boyd (#83) que recebe sozinho e corta Simmons para o TD.

Tradução: “Os Bengals vazam Tyler Boyd em uma rota cruzada. O pass rush dos Broncos dá a Joe Burrow tempo para suficiente para comer um sanduíche, declarar seu imposto de renda e lançar para um TD fácil”.

Sim, este TD veio num momento ruim da partida, logo após nosso único TD. Mas difícil culpar uma unidade que cede 15 pontos numa partida. Se um ataque de NFL não consegue marcar 16 pontos em um jogo, ele pertence à mesma prateleira de Jacksonville Jaguars e Detroit Lions.

“Time de especialistas”

Atenção para a novidade: o “ST” dos Broncos fez uma partida horrível contra os Bengals. Piada, né?! O fato de Tom McMahon ter um emprego é uma afronta aos milhões de trabalhadores desempregados pelo mundo.

Começando por Diaonte Spencer, o que este cara tem na cabeça? Ele abdica de jardas fáceis para correr para a lateral em busca de um TD. Ou então deixa de pedir um fair catch para deixar o ataque de costas para a endzone. Como assim? Isso é orientação do “STC”?

Sam Martin tem sido muito constante e jogado bem, mas as coberturas de punt no domingo foram bizarramente ruins. Nosso grande Brandon McManus perdeu mais um FG, que de bandeja ainda deu mais 3 pontos ao adversário.

Enfim, demitam Tom McMahon!

Conclusão

O futebol americano é jogado em três fases distintas e a verdade é que os Broncos são um terço de time. O fato de termos 7 vitórias é fruto do calendário e de lampejos do ataque. Contra os Bengals, Shurmur e seus comandados não tiveram nenhum lampejo e entregaram a pior partida da unidade na temporada.

A verdade agora é que a vaca deitou e a temporada foi para o vinagre. Os Broncos precisam vencer seus três últimos jogos e ainda assim torcer por uma combinação improvável de resultados. Não vejo isso acontecendo. À espera de um milagre.


Essas foram as minhas considerações sobre a derrota contra os Bengals. Deixem as suas na seção de comentários.

Se vocês querem produtos dos Broncos e da NFL, confiram o site da First Down (link), parceira do Mile High Brasil.

E não se esqueçam de seguir o Mile High Brasil no Twitter, no Instagram, se inscrever em nosso canal no YouTube e apoiar nosso trabalho pelo Apoia.se. Nos vemos em breve!

#GoBroncos