Análise dos setores – Semana 14 – @Panthers

Saudações, torcedores dos Broncos! Vencemos os Panthers em Charlotte por 32 a 27 e chegamos ao recorde de 5-8. Vamos analisar cada um dos setores da equipe para saber o que deu certo e o que deu errado na partida.

Como de costume, os dados aqui apresentados foram extraídos do site da ESPN norte-americana (link aqui).

Ataque

Se você acompanhou minhas análises contra os Dolphins e contra os Chiefs (links aqui e aqui), sabe que Pat Shurmur mudou radicalmente a estratégia do ataque após sucessivos jogos ruins de Drew Lock. Enfrentando boxes pesados e com o QB sem conseguir conectar passes longos, nosso OC optou por estabelecer um jogo de passes mais rápidos e curtos a fim de deixar as defesas adversárias mais honestas. E não foi diferente contra os Panthers. Diante de um box carregado no começo, Shurmur optou por um começo mais lento, alternando corridas e passes curtos de conceitos simples, ajudando Lock a completar o maior número de passes possíveis e aliviando o box ao longo do tempo. Observe na figura abaixo a grande quantidade de passes completos de menos de 10 jardas (até o momento da recepção), muitos recebidos antes da linha de scrimmage, o que ilustra muito bem a situação.

Lock completou vários passes curtos, incluindo para a esquerda! Fonte: NFL Next Gen Stats

A grande novidade da partida foi que Drew Lock conseguiu completar uma boa quantidade de passes em profundidade. Ainda que o jogo corrido não tenha sido lá as mil maravilhas com suas 96 jardas em 30 carregadas (média de 3,2 jardas por carregada), os passes longos abriram ainda mais a defesa adversária, permitindo que os Broncos marchassem o campo e, óbvio, anotassem pontos. Um ponto que mudou muito na partida foi a capacidade de Lock entender melhor os conceitos dos desenhos das jogadas de passe longo. Observe a jogada no vídeo abaixo. Os Broncos estão com formação em 12 personnel (2 TE) e a jogada é um play action com max protection (ou quase, porque o RB sai para correr rota), então basicamente há apenas Tim Patrick e Jerry Jeudy correndo rotas longas. Jeudy tem a missão apenas de atrair a marcação e deixar Tim Patrick livre, o que faz com maestria atraindo 5 adversários (está bem, um dos S foi mais infantil que jogador de flag football). Patrick está livre e Lock completa o passe para big play. Parece simples, mas Shurmur usou conceitos parecidos inúmeras vezes e Lock lançou no cara com marcação dupla ou tripla. Não significa que agora o QB está pronto para ser “o cara”, mas entender os conceitos das jogadas é algo básico que desamarra o ataque completamente. Não à toa que completou 21 de 27 passes para 280 jardas (média de 10,4 jardas por tentativa), para 4 TDs e 0 INT. Talvez o melhor jogo de Lock no ano.

Com o jogo aéreo destravado, Shurmur começou a sacar coisas diferentes do fundo do playbook, principalmente HB screens. Em outras palavras, o ataque deixou de ser aquela unidade que melhorou mas que estava usando um playbook café com leite, para ser algo mais próximo de uma unidade nível NFL. E esse, meus amigos, foi o grande ponto positivo desta partida. Por fim, deixo meus parabéns a Mike Munchak. Nosso treinador de OL vem fazendo um trabalho primoroso com a unidade, mesmo quando não tem seus titulares disponíveis. Com 3 reservas no domingo, a unidade permitiu apenas 1 sack e 5 QB hits, sendo razoável no jogo corrido.

Defesa

Com o corpo de CB basicamente formado por reservas e reservas dos reservas, a defesa teve momentos ótimos (típicos desta temporada) e um importante momento péssimo. O primeiro tempo foi basicamente muito bom. O único TD cedido veio após o fumble de Lock, que na verdade quase foi retornado para TD. Fangio e Donatell abusaram de blitzes e stunts (veja um belo exemplo no vídeo abaixo) e mandaram muita pressão para cima de Teddy Bridgewater, anotando 4 sacks e 6 QB hits (total da partida). É verdade que os Panthers tiveram muito sucesso pelo chão, muito por conta da ameaça dupla representada pelo QB. O adversário correu 21 vezes para 125 jardas, média de 6 jardas por carregada, e 3 TDs. Um desses TDs foi filhote do fumble e os demais viriam apenas no segundo tempo. No primeiro tempo, mesmo correndo bem, os Panthers só tiveram 66 jardas aéreas e, fora o fumble, não chegaram nenhuma vez até a red zone.

O segundo tempo começou razoável, com a defesa cedendo aos Panthers apenas um FG. E então o caldo começou a azedar. Por algum motivo, Fangio e Donatell passaram a usar ambos os outside CB em zona tipo spot ultra-soft! Curtis Samuel e Robby Anderson passaram a ter muito espaço para ajustar suas rotas e encontrar buracos na defesa. Além disso, Fangio chamava repetidamente nickel blitzes muito manjadas, que foram consistentemente queimadas por Teddy B. e seus recebedores (veja o vídeo abaixo). Não por acaso, os Panthers conquistaram 217 jardas pelo ar no segundo tempo, mais que o triplo do primeiro! Isso também permitiu que marchassem rapidamente pelo campo e chegassem 3 vezes à red zone, anotando os 2 TDs por terra já mencionados e rapidamente minando a vantagem construída pelo ataque. Foram três drives que chegaram a dar desespero, pois não havia mudança qualquer na estratégia!

Antes que tudo fosse por água abaixo, nosso HC e DC resolveram parar com a defesa café com leite e voltaram a usar os CBs em man coverage. Note na jogada derradeira que selou nossa vitória (vídeo abaixo) que os CBs estão mano a mano, os dois S jogando alto e que Alexander Johnson vai para o blitz. Isso força Bridgewater a soltar rápido a bola antes da linha de primeira descida, permitindo que Bausby persiga o WR e faça um belo tackle. Essa é a defesa que queremos, Vic Fangio! Nada daquela geringonça que chamou por três drives!

“Time de especialistas”

Nem adianta reclamar que não vou tirar as aspas do nome da “unidade”! Mesmo assim, tenho que admitir que o “ST” fez uma bela partida. As coberturas foram muito bem executadas, tanto retornando quanto chutando, e Diontae Spencer retornou maravilhosamente um punt para TD. Vou dar uma moral para o “ST” deixando o vídeo do TD aqui.

Sam Martin fez uma partida decente. Está certo que o primeiro de seus 4 punts da partida foi horrível (38 jardas), mas se recuperou com uma bela bicuda de 58 jardas em um momento crucial, quando estávamos com as costas para a end zone e a apenas 5 pontos a frente no placar. Terminou o jogo com uma média de 44,3 jardas por punt. Mas como parece que nada pode ser perfeito para o “ST”, Brandon McManus, o perna-de-ouro, errou 2 extra points! Nosso K tem crédito e esperamos ver suas bicudas precisas de volta na próxima partida.

Conclusão

Ainda que a defesa não tenha feito a melhor de suas partidas, este jogo teve um grande ponto positivo e não foi a vitória em si. Pela primeira vez no ano o ataque apresentou um nível NFL de jogo, com jogadas variadas, jogo terrestre complementar e passes em todos os níveis do campo que esfacelaram o adversário. Isso é muito importante, pois desde a mudança de estratégia para tentar extrair um melhor desempenho de Lock, o ataque operava em modo dente de leite, com jogadas muito simples e poucas big plays. Que o jogo contra os Panthers marque essa virada de patamar de uma maneira consistente.

Essas foram minhas análises. Deixem as suas na seção de comentários. Nos vemos em breve. Go Broncos!