Saudações, torcedores dos Broncos! Vencemos os Panthers em Charlotte por 32 a 27 e chegamos ao recorde de 5-8. Vamos analisar cada um dos setores da equipe para saber o que deu certo e o que deu errado na partida.
Como de costume, os dados aqui apresentados foram extraídos do site da ESPN norte-americana (link aqui).
Ataque
Se você acompanhou minhas análises contra os Dolphins e contra os Chiefs (links aqui e aqui), sabe que Pat Shurmur mudou radicalmente a estratégia do ataque após sucessivos jogos ruins de Drew Lock. Enfrentando boxes pesados e com o QB sem conseguir conectar passes longos, nosso OC optou por estabelecer um jogo de passes mais rápidos e curtos a fim de deixar as defesas adversárias mais honestas. E não foi diferente contra os Panthers. Diante de um box carregado no começo, Shurmur optou por um começo mais lento, alternando corridas e passes curtos de conceitos simples, ajudando Lock a completar o maior número de passes possíveis e aliviando o box ao longo do tempo. Observe na figura abaixo a grande quantidade de passes completos de menos de 10 jardas (até o momento da recepção), muitos recebidos antes da linha de scrimmage, o que ilustra muito bem a situação.
Lock completou vários passes curtos, incluindo para a esquerda! Fonte: NFL Next Gen Stats
A grande novidade da partida foi que Drew Lock conseguiu completar uma boa quantidade de passes em profundidade. Ainda que o jogo corrido não tenha sido lá as mil maravilhas com suas 96 jardas em 30 carregadas (média de 3,2 jardas por carregada), os passes longos abriram ainda mais a defesa adversária, permitindo que os Broncos marchassem o campo e, óbvio, anotassem pontos. Um ponto que mudou muito na partida foi a capacidade de Lock entender melhor os conceitos dos desenhos das jogadas de passe longo. Observe a jogada no vídeo abaixo. Os Broncos estão com formação em 12 personnel (2 TE) e a jogada é um play action com max protection (ou quase, porque o RB sai para correr rota), então basicamente há apenas Tim Patrick e Jerry Jeudy correndo rotas longas. Jeudy tem a missão apenas de atrair a marcação e deixar Tim Patrick livre, o que faz com maestria atraindo 5 adversários (está bem, um dos S foi mais infantil que jogador de flag football). Patrick está livre e Lock completa o passe para big play. Parece simples, mas Shurmur usou conceitos parecidos inúmeras vezes e Lock lançou no cara com marcação dupla ou tripla. Não significa que agora o QB está pronto para ser “o cara”, mas entender os conceitos das jogadas é algo básico que desamarra o ataque completamente. Não à toa que completou 21 de 27 passes para 280 jardas (média de 10,4 jardas por tentativa), para 4 TDs e 0 INT. Talvez o melhor jogo de Lock no ano.
Drew Lock finds Tim Patrick for a big play, and Pat Shurmur couldn't have drawn it up any better. pic.twitter.com/zsuks9JvV7
— Joe Rowles (@JoRo_NFL) December 13, 2020
Com o jogo aéreo destravado, Shurmur começou a sacar coisas diferentes do fundo do playbook, principalmente HB screens. Em outras palavras, o ataque deixou de ser aquela unidade que melhorou mas que estava usando um playbook café com leite, para ser algo mais próximo de uma unidade nível NFL. E esse, meus amigos, foi o grande ponto positivo desta partida. Por fim, deixo meus parabéns a Mike Munchak. Nosso treinador de OL vem fazendo um trabalho primoroso com a unidade, mesmo quando não tem seus titulares disponíveis. Com 3 reservas no domingo, a unidade permitiu apenas 1 sack e 5 QB hits, sendo razoável no jogo corrido.
Defesa
Com o corpo de CB basicamente formado por reservas e reservas dos reservas, a defesa teve momentos ótimos (típicos desta temporada) e um importante momento péssimo. O primeiro tempo foi basicamente muito bom. O único TD cedido veio após o fumble de Lock, que na verdade quase foi retornado para TD. Fangio e Donatell abusaram de blitzes e stunts (veja um belo exemplo no vídeo abaixo) e mandaram muita pressão para cima de Teddy Bridgewater, anotando 4 sacks e 6 QB hits (total da partida). É verdade que os Panthers tiveram muito sucesso pelo chão, muito por conta da ameaça dupla representada pelo QB. O adversário correu 21 vezes para 125 jardas, média de 6 jardas por carregada, e 3 TDs. Um desses TDs foi filhote do fumble e os demais viriam apenas no segundo tempo. No primeiro tempo, mesmo correndo bem, os Panthers só tiveram 66 jardas aéreas e, fora o fumble, não chegaram nenhuma vez até a red zone.
Broncos run a stunt and get home. Check out the attention Shelby Harris drew on Jeremiah Attaochu's sack. pic.twitter.com/vrjWncm06E
— Joe Rowles (@JoRo_NFL) December 13, 2020
O segundo tempo começou razoável, com a defesa cedendo aos Panthers apenas um FG. E então o caldo começou a azedar. Por algum motivo, Fangio e Donatell passaram a usar ambos os outside CB em zona tipo spot ultra-soft! Curtis Samuel e Robby Anderson passaram a ter muito espaço para ajustar suas rotas e encontrar buracos na defesa. Além disso, Fangio chamava repetidamente nickel blitzes muito manjadas, que foram consistentemente queimadas por Teddy B. e seus recebedores (veja o vídeo abaixo). Não por acaso, os Panthers conquistaram 217 jardas pelo ar no segundo tempo, mais que o triplo do primeiro! Isso também permitiu que marchassem rapidamente pelo campo e chegassem 3 vezes à red zone, anotando os 2 TDs por terra já mencionados e rapidamente minando a vantagem construída pelo ataque. Foram três drives que chegaram a dar desespero, pois não havia mudança qualquer na estratégia!
That quick speed 🚀 pic.twitter.com/ibHQ7rnR67
— Carolina Panthers (@Panthers) December 13, 2020
Antes que tudo fosse por água abaixo, nosso HC e DC resolveram parar com a defesa café com leite e voltaram a usar os CBs em man coverage. Note na jogada derradeira que selou nossa vitória (vídeo abaixo) que os CBs estão mano a mano, os dois S jogando alto e que Alexander Johnson vai para o blitz. Isso força Bridgewater a soltar rápido a bola antes da linha de primeira descida, permitindo que Bausby persiga o WR e faça um belo tackle. Essa é a defesa que queremos, Vic Fangio! Nada daquela geringonça que chamou por três drives!
De'Vante Bausby brings down Samuel and the Broncos hold on 4th down! pic.twitter.com/usMwnwqBCY
— Joe Rowles (@JoRo_NFL) December 13, 2020
“Time de especialistas”
Nem adianta reclamar que não vou tirar as aspas do nome da “unidade”! Mesmo assim, tenho que admitir que o “ST” fez uma bela partida. As coberturas foram muito bem executadas, tanto retornando quanto chutando, e Diontae Spencer retornou maravilhosamente um punt para TD. Vou dar uma moral para o “ST” deixando o vídeo do TD aqui.
HE GONE 💨@DSpencer4_ | 📺: CBS pic.twitter.com/ux8QyTEqtx
— Denver Broncos (@Broncos) December 13, 2020
Sam Martin fez uma partida decente. Está certo que o primeiro de seus 4 punts da partida foi horrível (38 jardas), mas se recuperou com uma bela bicuda de 58 jardas em um momento crucial, quando estávamos com as costas para a end zone e a apenas 5 pontos a frente no placar. Terminou o jogo com uma média de 44,3 jardas por punt. Mas como parece que nada pode ser perfeito para o “ST”, Brandon McManus, o perna-de-ouro, errou 2 extra points! Nosso K tem crédito e esperamos ver suas bicudas precisas de volta na próxima partida.
Conclusão
Ainda que a defesa não tenha feito a melhor de suas partidas, este jogo teve um grande ponto positivo e não foi a vitória em si. Pela primeira vez no ano o ataque apresentou um nível NFL de jogo, com jogadas variadas, jogo terrestre complementar e passes em todos os níveis do campo que esfacelaram o adversário. Isso é muito importante, pois desde a mudança de estratégia para tentar extrair um melhor desempenho de Lock, o ataque operava em modo dente de leite, com jogadas muito simples e poucas big plays. Que o jogo contra os Panthers marque essa virada de patamar de uma maneira consistente.
Essas foram minhas análises. Deixem as suas na seção de comentários. Nos vemos em breve. Go Broncos!