Saudações, torcedor dos Broncos! Mais uma temporada da bola oval se foi e de maneira bem decepcionante para Denver. John Elway terá muito trabalho para arrumar esse time, começando pela contratação de jogadores na Free Agency. Daí vem aquela pergunta de todos os anos: qual Cap Space os Broncos tem à disposição para essas contratações? Vamos fazer uma análise inicial do Salary Cap de Denver para saber qual a capacidade da nossa equipe em renovar e adquirir novos jogadores.
Começo avisando que parte dos cálculos que serão apresentados foram feitos por minha pessoa. Logo, peço perdão por qualquer erro. Tudo foi feito da forma mais simples possível para guiar o leitor a um entendimento melhor de como funciona o processo. Utilizei informações dos sites Spotrac e Over The Cap. Ambos atualizam constantemente sua base de dados, portanto, se em algum momento você clicar nos links acima e ver números diferentes, tenha isso em mente. Todos os números apresentados estão em dólares americanos e usei a notação M para milhões. Sem mais, vamos à análise.
Qual nosso Cap Space hoje?
O Cap Space de cada time é dado pelo Salary Cap base da liga (definido anualmente pela NFL), menos os gastos ativos da equipe na temporada e menos o Dead Money, que corresponde ao dinheiro garantido em contratos que foram encerrados antes do término e ainda não descontados do Salary Cap. O Spotrac estima o Salary Cap de 2019 em 189 M. Entretanto, o próprio site da NFL especula algo entre 187 M a 191 M. Para efeito de cálculo, vou considerar aqui o valor de 190 M. O Spotrac estima que temos direito de “rolar” 8 M que sobraram do ano passado, ou seja, podemos adicionar este valor ao Cap de 2019. Logo, nosso Salary Cap ajustado é de 190 M + 8 M = 198 M.
Sobre os gastos ativos, quero lembrar o leitor que durante toda a offseason vale a regra do Top 51. De acordo com essa regra, somente os 51 maiores salários da equipe contam para o cálculo do Cap Space até que os 53 jogadores do elenco sejam definidos em setembro. No momento, os 51 maiores salários do Denver Broncos contabilizam 153,1 M. Além disso, temos 7,6 M em Dead Money que precisamos pagar. Portanto, nosso Cap Space inicial é de 198 M – 153,1 M – 7,6 M = 37,3 M. Esse é o valor que temos no Top 51 até setembro. Mas aí vem a pergunta: esse é o valor que temos para contratações? A resposta é não, caro leitor, e por dois motivos. Primeiro, porque teremos que assinar nossa classe de calouros do Draft. Segundo, porque temos alguns Free Agents que poderemos manter no time. Vamos ver como estes dois fatores impactam nosso Salary Cap.
Assinando nossos calouros
Todos os times devem dispor de Cap Space para assinar os calouros que virão do Draft. Para calcular o quanto a classe impacta no Cap Space, o Over The Cap possui uma fórmula bastante interessante:
Cap Hit da classe = Rookie Pool – (0,5 M x nº de picks)
Esse fator de 0,5 M multiplicado pelo número de escolhas existe porque, para cada salário adicionado, um salário baixo (em geral 0,5 M) que contava no Top 51 é removido do mesmo e devolvido para o Salary Cap. Lembre-se deste processo, pois ele será importante mais a frente. Neste ano, teremos um total de 9 picks que totalizam uma Rookie Pool de 9,1 M, valor que pode mudar com eventuais trocas de escolhas. Logo nossa classe consumirá 9,1 M – (0,5 M x 9) = 4,6 M do nosso Cap Space.
Trazendo de volta nossos Free Agents
Como em todos os anos, o Denver Broncos possui três categorias de Free Agents: Unrestricted Free Agents (UFA), Restricted Free Agents (RFA) e Exclusive Rights Free Agents (ERFA). Vamos a eles.
UFA
Os UFA podem negociar livremente seus contratos com qualquer equipe quando a Free Agency começar, a menos que os Broncos usem a Franchise Tag em alguém. Isto não deve ocorrer. Nossos UFA nesta temporada são: Jared Veldheer, Domata Peko, Tramaine Brock, Shaquil Barrett, Matt Paradis, Shane Ray, Billy Turner, Bradley Roby, Zach Kerr, Gino Gradkowski, Jamar Taylor, Jeff Heuerman, Deiontrez Mount e Max Garcia.
Como podem notar, a lista é extensa e muitos desses jogadores certamente não estarão em Denver em 2019. Particularmente, eu faria um esforço para manter Matt Paradis e Billy Turner, pois acredito que ambos foram bem em 2018 e nossa OL precisa de continuidade. Bradley Roby é outro que merece atenção, pois o mercado de CB nesta Free Agency não é bom e, sem ele, entraríamos com um grande buraco no Draft. O problema é que este mesmo mercado ruim fará o preço de Roby subir, podendo não valer a pena. De resto, acho que Peko e Veldheer poderiam ser úteis se toparem não ganhar muito.
De qualquer forma, como os contratos de UFA são livremente negociados e o Cap Hit de cada um deles é desconhecido, não vou assinar ninguém neste momento.
RFA
Os RFA podem negociar contratos com outras equipes, mas os Broncos tem a opção de colocar tender neles, adquirindo o direito de igualar a oferta ou ser compensado com uma escolha de Draft caso não queira. Essas tenders podem ser de três tipo: primeira rodada, segunda rodada e rodada original. Quando colocamos uma tender de primeira rodada em um jogador, se não quisermos igualar uma oferta que ele receba, recebemos uma escolha de primeira rodada do time que o contratar. No caso de uma tender de segunda rodada, receberíamos uma pick de segundo round. Já para tender de rodada original, receberíamos uma escolha equivalente a rodada em que o jogador em questão foi draftado. Note que no caso de jogadores não-draftados que recebem uma tender de rodada original, o time não recebe nenhuma escolha em troca, caso não queira igualar a oferta. Cada tipo de tender implica em um salário totalmente garantido ao jogador. De acordo com o Over The Cap, os valores seriam de 4,4 M para tender de primeira rodada, 3,1 M para segunda rodada e 2 M para rodada original.
Nossos RFA este ano são: Shelby Harris, Jordan Taylor, Kevin Hogan e Casey Kreiter. Não acho que Jordan Taylor e Kevin Hogan valham sequer os 2 M de rodada original, portanto vou deixá-los ir. Casey Kreiter é um caso à parte. Os 2 M são mais do que o salário de qualquer outro LS na liga, cujo máximo hoje é de 1,4 M. Os Broncos poderiam oferecer este 1,4 M ou achar que não valha a pena pagar isso em LS. Portanto, vou deixá-lo de fora no momento. Shelby Harris tem tudo para ser nosso NT titular este ano, ainda mais contando que Peko e Kerr são UFA. Eu aplicaria uma tender de segunda rodada nele, pois com uma tender de rodada original, o time interessado deveria compensar Denver com uma escolha de sétima rodada apenas. Assim, Harris teria um salário de 3,1 M. Como adicionando ele um salário de 0,5 M seria devolvido ao Cap, o Cap Hit real dele no Top 51 seria de 2,6 M.
ERFA
O Denver Broncos tem direitos exclusivos de colocar uma tender nos ERFA e impedir que eles negociem contrato de qualquer natureza com outras equipes. O valor da tender varia de acordo com o número de temporadas acumuladas completas que eles tem no currículo. A definição de temporada acumulada completa é complicada (o termo em inglês é accrued season), mas basicamente requer que o jogador esteja no elenco de 53 em uma temporada. Em média, o salário desses jogadores é algo ao redor de 0,6 M, valor que utilizarei aqui.
Nossos ERFA este ano são: Jerrol Garcia-Williams, Tim Patrick, Elijah Wilkinson, Joe Jones, Brian Parker, Matt LaCosse e Dymonte Thomas. Eu acredito que todos estes poderiam receber a tender de ERFA, pois tem potencial e seriam bem baratos. Neste caso eles receberiam 0,6 M, mas, para cada um, um salário de 0,5 M seria retirado do Top 51 e devolvido ao Salary Cap. Logo, cada um teria um Cap Hit de 0,1 M, totalizando 0,7 M.
Qual é o nosso Cap Space no Top 51?
Após assinarmos os calouros, RFA e ERFA, teremos a seguinte quantidade de Cap Space:
37,3 M – 4,6 M (calouros) – 2,6 M (RFA) – 0,7 M (ERFA) = 29,4 M
Portanto, senhoras e senhores, nosso Cap Space para a Free Agency é de cerca de 29,4 M. Note que este valor não contempla nenhum dos nossos UFA.
E quando fecharmos o elenco de 53 jogadores?
O leitor mais atento já notou que, quando fecharmos os 53 jogadores em setembro, dois salários de 0,5 M passarão a contar no Salary Cap, portanto, 1 M. Além disso, quando a temporada começar, os salários de Practice Squad (PS), Injury Reserve + PUP list (considerei tudo como IR) e uma reserva da NFLPA (National Football League Players Association) para desenvolvimento de jogadores também contarão no Salary Cap.
Os salários totais do PS custam cerca de 1,75 M. A IR depende de quem vai para lá. Quando o jogador é colocado na IR (ou PUP list), o valor de seu Cap Hit continua contando no Salary Cap e o de seu substituto é adicionado também. Esse substituto costuma ser de um jogador barato (em geral um contrato de 0,5 M) ou um veterano que joga pelo mínimo (um contrato de cerca de 1 M). Para efeitos de cálculo, vou considerar o valor arbitrário de 3 M para o Cap Hit da IR, mas saiba que esse valor pode variar bastante. A reserva da NFLPA conta mais cerca de 0,8 M no Salary Cap. Desta forma, após escolhermos os 53 jogadores, nosso Cap Space será:
29,4 M – 1,75 M (PS) – 3 M (IR) – 1 M (jogadores 52 e 53) – 0,8 (reserva NFLPA) = 22,85 M.
Este valor de 22,85 M seria aquele que temos limpinho para gastar, sendo GM bem controlados. Obviamente que a regra do Top 51 está aí para dar flexibilidade para aqueles GM mais ousados.
Se chegou até aqui, meus parabéns! Você é um leitor muito paciente. Não hesite em usar a seção de comentários para tirar dúvidas, fazer observações ou denunciar erros aritméticos deste que vos escreve. Em breve, veremos algumas formas de como gerar mais Cap Space. Até lá! Go Broncos!